sexta-feira, novembro 11, 2005

O CARÁTER EXCLUDENTE DO AMOR DE DEUS EM RELAÇÃO AO MUNDO

No Evangelho de Marcos, em 12:29-30, o próprio Senhor Jesus, perguntado sobre qual era o maior mandamento, disse:
29 Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!
30 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.
É preciso entender, primeiro, o que quer dizer “maior mandamento”. A Palavra de Deus diz aquele que descumpre um mandamento é réu dos demais mandamentos, ou seja, não há graduação da pena na lei divina. Para a lei dos homens há uma escala de punição, ou seja, quanto mais reprovável o crime, mais severa a pena. Na lei divina, há um só ilícito, a desobediência, e portanto todos os tipos de pecado são, em síntese, desobediência; e é por esta primeira que os homens são responsabilizados. A responsabilidade implica em suportar a pena e está é única, a separação de Deus, ou morte.
Portanto, o termo “maior mandamento” não pode significar mandamento mais importante do que todos os demais, mas sim, mandamento no qual estão todos os demais mandamentos. De fato, quem cumpre o primeiro mandamento de todo o seu coração não precisa de outro mandamento, pois qualquer outro é conseqüência do primeiro.
Outro aspecto importante é a norma contida no mandamento. Trata-se de um só mandamento, mas que contém dois núcleos: ouvir e amar.
O primeiro núcleo ordena a que tenhamos um único Deus. Ora, o nosso Deus é único, isto faz parte de Seu caráter, portanto, qualquer pessoa que creia verdadeiramente em Deus, só poderá crer Nele exclusivamente, sem crer em mais ninguém. O mínimo de compreensão espiritual já demonstra que todos os outros que se chamam Deus são, na verdade, demônios a serviço de inimigo de Deus. A chamada para o monoteísmo, contida no versículo 29, é, portanto, mais do que um apelo de exclusividade no que diz respeito a alguém, é, também, uma ordem para atribuir exclusividade a Deus em respeito a todas as demais coisas. Aí o versículo toma um sentido completamente diferente, pois considerar a Deus com exclusão a qualquer outro ser espiritual que se considere um deus é, digamos assim, fácil; o crítico é considerar a Deus superior às nossas coisas, superior ao nosso trabalho, ao nosso estudo, a nossa intelectualidade, aos nossos sentimentos, ao nosso comportamento terreno, a nossa família, aos nossos planos, a nossa vontade, etc. Parafraseando o versículo 29, poderíamos colocar assim: Ouve, ó Igreja, o SENHOR nosso Deus, é o único a exercer governo (senhor) sobre sua vida, nada mais poderá dominar você, exceto o seu Deus!
O segundo núcleo do maior mandamento é amar a Deus de todo o coração, toda a alma, todo entendimento e toda a força. É comum que os crentes interpretem esta ordem como sendo amar a Deus fazendo força. É como dizer pra alguém que ele deve dar um abraço em seu pai, no entanto, o abraço precisa ser o mais apertado, porque isto significa o amor. É óbvio que não podemos medir o amor pelo aperto do abraço e, da mesma forma, não podemos medir o amor a Deus pela força interior que fazemos para amá-Lo. O “amar de todo o coração, entendimento, alma e força” tem outro significado e, para entendê-lo, é necessário analisar outro mandamento, que é, em síntese, o mesmo mandamento de Mc 12:29-30, mas que consta da Palavra noutro lugar. Trata-se de 1 Jo 2:15-16:
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.
Analisando os versículos de Mc 12:29-30 e 1 Jo 2:15-16, vemos que há, aqui, um único mandamento que seria assim sintetizado: Use toda a capacidade de seu homem interior (coração), de seus sentimentos e intelecto (alma) e toda a sua força física (força) para amar a Deus, não deixando nada para o mundo!
O amor a Deus pregado em Mc 12 é, portanto, excludente; não aceita que o homem use sua “fonte de amor” para, ao mesmo tempo, amar a Deus e as coisas deste mundo, pois estas últimas estão a serviço de seu príncipe, o diabo.
Devemos lembrar ainda que Jesus pregou o “maior mandamento” a um jovem Judeu no momento anterior a sua glorificação sacrificial na cruz. O mesmo “maior mandamento” é repetido, após a obra da cruz, no livro de 1 Jo, 3:23, e diz:
Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.
O que muda aqui é só a perspectiva, pois o mandamento é o mesmo. Ademais, o que eram dois mandamentos em Mc 12 – amar a Deus sendo o primeiro mandamento e amar ao próximo sendo o segundo mandamento – agora, em 1 Jo 3:23, torna-se um único mandamento indivisível: crer em Jesus e nos amarmos uns aos outros. A riqueza da união destes dois preceitos num único é matéria para um próximo estudo. Em Cristo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Qro um dia chegar a meditar na palavra com vc, nunca fui crente em Deus como agora neste momento de minha, estou muito feliz por ter todos vcs como amigos. Agradeço a Deus por ter colocado vcs em meio caminho.