segunda-feira, fevereiro 27, 2006

MUDANÇA DE VALORES


A Palavra de Deus, na primeira carta aos Tessalonicenses, contém uma exortação para que andemos da maneira pela qual temos aprendido daqueles que nos ensinam no Senhor, a fim de que possamos progredir:

(1TS 4:1) - Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais.

Progredir é ação contínua de melhorar-nos como seres humanos. O ânimo de progredir é algo que somente se encontra na raça humana, sendo um ponto que nos diferencia dos demais animais inteligentes. Isto ocorre porque fomos feitos à imagem e semelhança de Deus e Ele é um Ser em progresso constante. Deus fez Sua obra, a salvou, a redimiu e vai aperfeiçoá-la para uma vida eterna.

Para experimentarmos o progresso de Deus em nossas vidas é preciso evitar a conformação deste mundo, ou seja, sermos formatados segundo o espírito deste mundo. Nossa formatação deverá ser segundo o Espírito Santo e, para isto, precisamos ser transformados:

(RM 12:2) - E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados (...) pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

Importante observar que não progredimos numa regular e vagarosa metamorfose, mas em saltos de verdadeira transformação. Cada vez que nos submetemos ao ensino do Espírito Santo, decidimos pela mudança e implantamos uma disciplina de mudança, nós nos transformamos um pouco mais, de nossa natureza terrena, na natureza divina do Filho do Homem.

A chave desta mudança está na mudança de nossos valores, que em Romanos 12:2 é chamada de “renovação de nosso entendimento”:

(RM 12:2) (...) pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

Mudar nossos valores não é uma tarefa fácil, mas é possível. Sem mudança de valores o ensino de Cristo não encontra terra fértil onde brotar. É como na parábola do semeador, em que a semente cai entre espinhos e estes sufocam a palavra. A palavra que cai numa mente treinada nos conceitos deste mundo cai entre espinhos e se estes não forem removidos a palavra não dá frutos, ou seja, não provoca mudanças na vida daquele que ouviu a palavra.

Há alguns dias um fato inusitado mostrou-me o quanto os paradigmas deste mundo impedem o agir de Deus em nossas vidas. Fui à chácara de um amigo e quando estávamos quase chegando senti que o pneu havia furado. Verificando o estepe percebi que este nunca havia sido trocado e que as ferramentas de troca de pneus nunca tinham sido usadas. Achamos facilmente o macaco e o estepe, no entanto, não encontrávamos a chave de roda. Pesquisamos no manual do veículo e este dizia que a chave de roda estava no assoalho do veículo, embaixo do estepe. Retiramos o estepe e não encontramos nenhuma chave de roda. Um de nós chegou a ir à sede da chácara, a pé, para buscar uma outra chave de roda, que não servia no pneu furado. Após algum tempo buscando uma solução, nos dirigimos ao porta-malas e lá fiquei olhando para o assoalho do veículo e repetindo: - Está aqui, certamente, nós só precisamos enxergar.... Foi aí que meu amigo levou a mão numa pequena bolsinha de feltro no fundo do assoalho e, de dentro da mesma retirou uma pequena chave de roda em forma de cachimbo; uma peça com não mais de 20 centímetros.

Porque não encontramos antes a chave de roda? Porque em nossas mentes uma chave de roda era grande, em forma de cruz e ocuparia bastante espaço. Nós não imaginávamos que pudesse haver uma chave de roda tão pequena para uma caminhonete a diesel. Por mais de uma hora nós nos debatemos procurando uma solução que estava perfeitamente descrita no manual: “A chave de roda está no assoalho do veículo”. Lemos a instrução no manual, mas isto não nos ajudou muito, pois ao ler “chave de roda” vinha-nos à mente um objeto totalmente diferente daquele que estava guardado no veículo. Tínhamos um “modelo mental” sobre a chave de roda e enquanto não nos liberamos daquele modelo mental não encontramos a solução, ainda que o manual estivesse bem claro quanto à localização da chave de roda.

Da mesma forma, a Bíblia, como nosso manual, contém a solução para inúmeras situações da vida cotidiana, mas só se opera a eficácia do texto da Palavra de Deus quando o interpretamos com uma perspectiva bíblica e não uma perspectiva mundana. Assim, ao lermos sobre “amor”, “perdão”, “aliança”, “sacrifício”, só poderemos retirar do texto o poder para mudança em nós se interpretarmos estes termos a partir de conceitos bíblicos, pois o mundo também tem um conceito secular para cada um destes termos e imbuídos destes conceitos nós nunca receberemos a iluminação do Espírito Santo, ou seja, a “revelação” do que significa o ensino da Palavra.

Para reaprendermos os conceitos é preciso um processo muito parecido com aquele pelo qual fomos educados desde pequenos; e é justamente por isso que Jesus disse a Nicodemos (Jo 3) que precisaríamos nascer de novo. O novo nascimento ocorre quando nos esvaziamos de nós mesmos, deixando de lado nossas opiniões, nosso conhecimento, nossos valores e os substituímos por uma curiosidade latente pela Palavra de Deus, reconstruindo nossos valores a partir do rhema de Deus. É no novo nascimento que nosso “Eu” morre, dando lugar a vida de Cristo em nós, com a formação de um novo ser humano, donde a noção personalíssima de “bem e mal” é substituída pela noção divina de “certo é errado”. Uma vez que estes novos valores estejam consolidados, o homem pode valer-se de sua mente de forma ilimitada, entendendo que a otimização de suas faculdades mentais ocorre quando estas não desafiam a Deus, mas quando sua mente é sujeita ao Espírito.

Popularizou-se a idéia de que valores Cristãos são “bons valores morais”. Moral ilibada está contida no Cristianismo e não o inverso. O Cristianismo é muito mais abrangente que a Moral. Ser cristão é obedecer a Cristo e a obediência transcende o entendimento. Se uma criança obedecesse somente aquilo que pudesse entender, certamente nunca seria obediente. Assim é conosco, pois Cristo disse que se alguém quisesse ser o maior no Reino dos Céus deveria ser como um menino (Mt 18:4).

Logo, devemos ser como meninos na construção de um novo plexo de conceitos e valores. Valores Cristãos recebidos no espírito e utilizados como fundamento de um novo código de atitudes.