sábado, agosto 21, 2021

RICO

 Jesus disse que “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Lc 18:25). Ouvindo isso, quem quer ser rico?

Pois é, embora alguns possam hesitar em desejar a riqueza, fato é que a Bíblia diz que Cristo é rico, pois Ele, “sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Co 8:9). Ele diz “minha é a prata, meu é o ouro” (Ag 2:8) e “ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24:1), “porque dele e por meio dele e para ele são todas as coisas” (Rm 11:36). E não só isso, pois a Palavra diz que devemos ser seus imitadores (1 Co 11:1 e Ef 5:1).

E agora? Imitar a Cristo em sua riqueza torna a entrada no Reino de Deus tão difícil quanto um camelo passar pelo fundo de uma agulha?

Essa contradição é apenas aparente, pois há mais de um tipo de rico, justamente porque há mais de um tipo de riqueza. Na terra a criação é decadente e espera a revelação dos filhos (Rm 8:20), e por isso, a riqueza que está nessa Terra tem origem injusta e é decaída. Mas nos Céus há outro tipo de riqueza, uma riqueza verdadeira que Cristo disse que seria nossa se nos tornássemos fiéis na aplicação das riquezas decaídas (Lc 16:11).

Há outros textos que ressaltam a diferença entre a riqueza terrena e celestial.

A riqueza terrena é aquela que a Igreja de Esmirna, por não ter, fazia com que ela se achasse pobre, embora fosse rica da riqueza celestial (Ap 2:9). E por outro lado, a Igreja de Laodicéia era pobre por não ter um tesouro no Céu, embora tivesse um tesouro na terra e se achasse rica (Ap 3:17).

Quando Deus criou a raça humana, Ele proveu o homem do alimento de “todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes” (Gn 1:29). O homem seria predominantemente coletor e embora ele sujeitasse os demais animais, certamente se alimentando deles, ele não precisaria plantar nada. Porém, quando Adão é expulso do Éden, Deus declara a Terra que dera ao homem como maldita por causa da desobediência e impõe o castigo ao homem de se alimentar das plantas do campo, que passaram a ser cultivadas com o suor do trabalho humano (Gn 3:17-18).  

Esse trabalho suado é, numa palavra só, sacrifício. E na Terra, todo sacrifício que não se faz a Deus, é recebido por algum ídolo. É por isso que o sacrifício do nosso trabalho é recebido por um ídolo chamado riqueza ou Mamom.

Há, também, outro trabalho que os homens fazem sobre a Terra. É aquele trabalho com o qual o Pai trabalha e no qual Cristo trabalha também (Jo 5:17). Esse trabalho gera uma riqueza celestial que a traça e a ferrugem não corroem e os ladrões não minam e nem roubam (Mt 6:20). Esse trabalho é sacerdotal e por isso se faz vestindo linho, pra não haver suor (Lv 16:4).

Então, resumindo, o trabalho celestial, que os Anjos desejaram fazer (I Pe 1:12), é feito por homens por Terra (por estes estarem na Terra), isto segundo o Senhor do Céu dos Céus e gera um riqueza incorruptível no Céu.

Já o trabalho terreno é feito por homens com suor, ou seja, sacrifício, que é recebido por quem se fez príncipe desse mundo (Jo 16:11), e gera uma riqueza corruptível que, justamente por ser corruptível, precisa ser santificada.

Pois bem, Paulo diz aos romanos, falando das ofertas de manjares, que “se é santa a parte da massa que é oferecida como primeiros frutos, toda a massa também o é” (Rm 11:16), ou seja, a porção ofertada santifica o todo.

É por isso que precisamos fazer ofertas alçadas, como o dízimo, pois ele santifica a riqueza corruptível que ganhamos sacrificando ao deus deste século.

Exemplo disso foi o que Jesus disse ao jovem rico. Ele não disse pro jovem permanecer pobre, disse apenas pra fazer de uma vez só o que não havia feito desde a adolescência, ou seja, santificar sua riqueza. Ele disse que o jovem deveria investir suas riquezas terrenas num trabalho celestial que renderia um tesouro no Céu (Mt 19:21).

Certamente o jovem, com um tesouro no céu, nunca mais teria falta de nada e é isso que é prosperidade, é ter tudo o que o seu propósito requer. Aquele jovem rico não se demonstrou próspero quando se apresentou a Jesus, porque mesmo rico ele se demonstrou vazio, carente de propósito e direção. Jesus quis fazer dele alguém próspero, mas ele se negou porque tinha muitos bens, ou seja, porque era rico!

O rico que precisa ser exortado, irmãos, é o rico do presente século, aquele que é orgulhoso e deposita a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas aquele confia na prosperidade divina também é rico e esse não é repreendido (1 Tm 6:17-19). 

quarta-feira, agosto 04, 2021

PORQUE UM ANJO UM DIA PECOU

 Satanás é um anjo decaído e se todos os anjos foram gerados por Deus, então o inimigo de Deus foi gerado por Ele mesmo. Deus, que é onisciente, sabia que um anjo entre tantos haveria de se rebelar, que esse anjo seria Lúcifer e que essa rebelião teria um enorme custo em sofrimentos.

 

Como Deus é onipotente, poderia ter evitado a criação de Lúcifer. Tudo isso é verdade, mas esquecemos de que uma das decorrências principais de Deus ser onipotente é justamente o fato de haver uma coisa que Deus não pode fazer: Ele não pode contrariar a Si mesmo, pois Nele não há sombra de variação.

 

Pois bem, Deus é Único e quando Ele gera seres espirituais (como são os anjos e os humanos), estes seres, por mais perfeitos que possam ser, nunca serão tão perfeitos como Criador, pois Deus é Único e Inigualável. Cada anjo é associado a uma estrela, tendo nela os seus domínios (Jó 38:7, Is 14:12-13 e Ap 9:1) e uma estimativa científica diz que podemos ter 70 bilhões de trilhões de estrelas no universo (7 × 1022 estrelas), sendo que cada um desses anjos tem livre arbítrio.

 

Por mais que a perfeição dos anjos os incline a sempre escolher obedecer a Deus, havia uma possibilidade de que em bilhões de escolhas tomadas por cada um dos bilhões de trilhões de anjos ao longo da eternidade, ao menos uma escolha pudesse ser contrária à vontade de Deus e, portanto, uma escolha rebelde.

 

Apesar de o homem ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, também foi feito pouco abaixo dos anjos, logo, os anjos são os maiores seres espirituais do universo e se entre eles a perfeição tivesse sido absoluta, ou seja, se entre eles nunca tivesse ocorrido um único pecado ao longo da eternidade, então o anjo, como geração divina, seria igualado ao seu Criador, negando-se deste modo o caráter Único da perfeição de Deus. Dito de outra forma, Deus só é Único porque em meio a toda a sua criação perfeita houve ao menos um ser criado, que ao menos uma vez, em toda a eternidade, acabou por negar o caráter perfeito no qual foi formado.

 

Esse alguém é Lúcifer e, não por acaso, pois foi justamente naquele a quem foi dada a função mais relevante entre os anjos que se achou o pecado da soberba, de modo que este considerou a si mesmo como maior do que os seus iguais em razão da função que ele exercia e da proximidade com o Criador.

 

Este é o mais próximo que consegui chegar, até aqui, no tocante aos mistérios da sabedoria e do conhecimento que estão escondidos em Cristo e que o Espírito Santo nos revela se pedirmos, todavia, como disse o Pr Jean no último culto, o todo do conhecer de Deus só Ele mesmo nos ensinará e, isto, somente quando pudermos vÊ-lo face a face, como somos vistos por Ele.