terça-feira, novembro 22, 2022

PROFETA NÃO FICA EM CASA

 

Antes de criar o homem, YHWH revela o fato à Trindade (“façamos o homem”);

Antes de trazer o dilúvio, YHWH revela o fato a Noé;

Antes de originar um povo, YHWH revela o fato a Abraão (“far-te-ei uma grande nação”);

Antes de dar uma terra ao seu povo, YHWH revela o fato a Isaque (“a ti e à tua raça que darei todas estas terras”);

Antes de multiplicar o povo, YHWH revela o fato a Jacó (“seus descendentes serão como o pó da terra”);

Antes de levar o povo ao Egito, YHWH revela o fato em sonho a José;

Antes de conceder reis a Israel, YHWH revela os fatos a Samuel;

Antes de edificar um templo, YHWH revela o fato a Davi;

Antes dos inúmeros feitos de proteção, promoção e juízo à Israel, YHWH sempre revelou os fatos aos seus juízes e profetas;

Antes de João Batista ser concebido, YHWH revelou o fato a Zacarias;

Antes de Jesus ser concebido, YHWH revelou o fato a Maria e a José;

Antes de Jesus ser levantado como luz dos povos, YHWH revelou o fato a Simeão;

Antes de Jesus iniciar seu ministério, YHWH revelou o fato a João Batista;

Antes de Jesus ir à cruz e ressuscitar, YHWH revelou o fato aos discípulos de Jesus;

Antes de o evangelho ser pregado aos gentios, YHWH revelou o fato a Pedro;

Antes de estabelecer uma igreja no mundo romano, YHWH revelou o fato a Paulo;

Antes de Jesus retornar a Terra para trazer juízo e salvação, YHWH revelou o fato João;

Pois...

“Certamente o SENHOR Soberano não faz coisa alguma sem revelar o seu plano aos seus servos, os profetas” (Am 3:7)

Então, YHWH trabalha e antes dEle agir, sempre REVELA o que fará aos que seus servos que se movem no ofício profético.

Por isso o ofício profético é tão importante.

O dramático é que a credibilidade do ofício profético depende de não conhecermos o profeta, pois “um profeta é honrado em qualquer lugar menos na sua terra, entre o seus parentes e no meio da própria casa” (Mc 6:).

Portanto, aquele em quem há o dom profético de conhecer o que YHWH fez, como fez e como fará, este possivelmente é alguém que, quando estiver pronto, é enviado. Vide a vida de Moisés, que foi profeta na sua terra, aos seus parentes e na sua casa, porém, não sem antes ser “esquecido” de todos após ter passado 40 anos na terra de Midiã.

Profetas, preparem-se para serem enviados para longe de sua terra, seus parentes e sua casa.

segunda-feira, outubro 24, 2022

JEZABEL E O SELO REAL

O Homo Sapiens, macho e fêmea, foi feito de modo a perseguir a imagem de YHWH (Gn 1:27), o que implica ter uma aparência triuna com cabeça, tronco e membros, tal qual YHWH é descrito nas Escrituras, onde vemos referências a Ele ter olhos, boca, mãos, pés, braços e poder assentar-se. 

Aliás, considerando que Jesus "É" antes de toda criação, fica evidente que o corpo com a aparência que conhecemos já era ostentado pelo SENHOR antes de criar o homem. 

Ainda que Ele tenha se esvaziado para tomar forma humana, o esvaziamento diz respeito ao fato de que Ele, que já possuía um corpo imortal, tomar um corpo mortal (1 Co 15:42) para morrer por nós. 

Há corpos celestiais e corpos terrestres e sabemos que é semeado o corpo degradável para vê-lo ressuscitado incorruptível, portanto, o corpo humano e mortal é considerado uma semente, enquanto que o corpo imortal é considerado uma árvore já formada. Não por acaso Jesus disse ser a Árvore da Vida. 

Ora, se o corpo mortal é comparado a uma semente, podemos dizer que o corpo mortal realiza as fases da semente: embebição, indução do crescimento e crescimento do eixo embrionário.

Na embebição a semente recebe a água (Palavra) que induz o crescimento até que o projeto de um outro Corpo que está nela (Cristo) rompa as paredes daquele primeiro corpo (semente) deixando a terra e acendendo aos céus. 

Por isso, quando deixarmos o corpo mortal e passarmos a ostentar o corpo imortal, não seremos mais homens ou mulheres, passando desde logo a seres eternos que, por não se multiplicarem mais, não se casam (copulam). 

Se consultarmos os termos imagem e semelhança na Bíblia veremos que a imagem diz respeito à aparência e a semelhança diz respeito à função. Por isso, no tocante a imagem, tanto homens quanto mulheres se parecem com o corpo ressurreto de Cristo. Aliás, acredito ser essa a grande razão pela qual os apóstolos não reconheceram a Cristo, pois o corpo mortal precisava ter aparência masculina e seu corpo ressurreto passou a ter a aparência que teremos, ou seja, como os anjos, nem exatamente masculina, nem exatamente feminina, mas a aparência de alguém forte com um homem e de feições belas como a mulher. 

Observe se que tanto a mulher quanto o homem são feitos a imagem de Deus, mas só o homem se assemelha ao seu SENHOR, pois só ao homem foi dada a missão de lavrar o Jardim, tendo Eva a incumbência de ajudar o homem nesta missão. Depois da queda a vontade da mulher se vinculou a do homem, preservada em sua função de mãe. 

É extremamente positivo que a justiça do Reino de Deus trazida à terra por meio da cultura judaico-cristã tenha dado à mulher uma igualdade jurídico-civil em relação ao homem, porém, no âmbito da eternidade isso não muda o fato de que o plano de Deus na terra será realizado pelo homem, tendo a mulher como auxiliadora neste processo. 

Se o diabo tivesse como fazer cair aquele que era semelhante a Deus, ele o teria feito. Não foi assim. Para fazer cair o homem o diabo precisou da mulher, pois primeiro enganou a Eva, para que através dela levasse Adão à desobediência. 

O homem não foi enganado, antes, foi manipulado por sua auxiliadora e é por isso que tudo que diz respeito a voltar a Deus implica em que o homem assuma a condição de ensinar à sua mulher aquilo que Adão não ensinou a Eva. A missão do homem depende de instruir sua auxiliadora em vez de ser manipulado por ela. 

Isso nos leva a um padrão das Escrituras no qual a mulher deve aprender em silêncio e submissão de seu próprio marido, exatamente como a igreja aprende em silêncio e submissão o ensino de Cristo. As mulheres, enquanto partes do Corpo, estão aprendendo o que Cristo está à ensinar na congregação através daqueles que falam por Ele, porém, isso não é suficiente para aquelas que são casadas, pois estas devem ter semeado no espírito a semente da Palavra, do mesmo modo como a semente carnal do marido é semeada na esposa, trazendo frutos no corpo e no espírito. 

A disfunção, o desvio, a depravação e o erro em relação a esse padrão bíblico se vê na vida de Acabe e Jezabel, em especial na passagem sobre a Vinha de Nabote. 

Nabote, vizinho do Rei Acabe, havia herdado uma vinha. O rei, por sua vez, por mero capricho, desejou transformar aquela vinha numa horta. Há, aqui, referências possíveis à Caim e à Esaú, tanto pela agricultura de Caim, como pela obstinação carnal de Esaú em detrimento de sua função. 

Nabote se assemelha àquele que era senhor de uma vinha da parábola de Mateus 21:33-41. A Videira Verdadeira dessa vinha é Cristo. Acabe, que era rei do povo de onde deveria vir o Messias, distraído em relação à sua verdadeira função, resolve eliminar a vinha para nela fazer uma horta, o que é uma figura da destruição de Israel como vinha de onde nasceria a Videira Verdadeira. 

Quando Jezabel vê Acabe entristecido em razão de Nabote lhe ter negado a vinha, ela deixa sua posição de auxiliadora para, questionando a autoridade de homem e de rei que havia sobre Acabe, passar a um ativismo que visava dar a Acabe o que ele queria ter. A mulher de Deus ajuda o homem a realizar sua missão em Deus, já Jezabel ajuda o homem a realizar sua vontade carnal, dando-lhe algo para se distrair enquanto é ela que manda cartas com o selo real (1 Rs 21:7).

Jezabel diz a Acabe: eu te darei a vinha de Nabote, ou seja, eu te darei o que você quer. Na sequência, Jezabel escreve e sela cartas em nome de Acabe dirigindo-as aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade. 

O que essa passagem nos mostra é uma esposa que compra a autoridade real do marido com o suprimento de seus caprichos. Enquanto ela se mostra extremamente devotada à vontade do marido, ali ela está usurpando a sua autoridade. Ela fala aos nobres em lugar dele, assina e decreta a injustiça em seu lugar. 

Não tenho dúvida alguma sobre a igualdade civil de homens e mulheres. Isso é justo e bom, porém, assim como não é bom dar ao homem a função de gerar e amamentar, não é bom dar a mulher casada a função real de seu marido. E, como na nova aliança somos não apenas reis, mas sacerdotes, não é certo que o homem atribua a sua função sacerdotal à sua mulher. 

Há sacerdotes cujas esposas em nada lhes auxiliam nessa função sacerdotal. São mulheres que se limitam aos filhos e ao cuidado de seus maridos, além de, nalguns casos, contribuírem com a provisão do lar. Obviamente que essas esposas de sacerdotes são as primeiras ovelhas do aprisco desses tais. Há, contudo, sacerdotes cujas as esposas lhes auxiliam diretamente no pastoreio sobre a congregação. Essas esposas estão muito próximas dos selos e das cartas com que este sacerdote exerce a sua função. Especialmente quando as esposas detém conhecimento, vontade e energia para o sacerdócio, torna-se uma tentação não usar o selo e a carta real.





terça-feira, setembro 27, 2022

CORAÇÃO EM GUERRA

Muitos se perguntam a razão de continuarem sujeitos a certos pendores e à pecados que desafiam a vontade do crente de ser liberto. A Bíblia tem resposta para essa questão.

O sacerdotes do SENHOR, seja na velha aliança, ou na nova, ministram a sombra das coisas celestiais (Hebreus 8:5) e devemos atentar para o que é sombra, para discernir os contornos do que é real. 

Olhemos para as sombras do que nos ensina o Antigo Testamento, pois a Palavra do SENHOR é infalível e Ele só constrói sobre o que Ele mesmo já disse, sem nunca se contradizer e sem deixar de cumprir a palavra empenhada. 

Logo após Noé sair da arca, no incidente em que seu pecado (nudez da embriaguez) foi exposto por seu filho mais novo e coberto por seu primogênito, o patriarca amaldiçoou Cam para ser escravo de Sem. Os dois filhos são figuras de Adão e Cristo. Jesus, o segundo Adão, em verdade é o Primogênito da Criação e Adão, o seu irmão mais novo. Enquanto Adão expõe o pecado do homem, Cristo vem com seu manto carmesim para cobri-lo. 

Cristo estava destinado a reinar sobre toda criação antes da fundação do mundo. O reinado de alguém que é Perfeito sobre alguém que é imperfeito é um reinado absolutista, pois aquele que é imperfeito nem mesmo pode escolher o seu rei, apenas ser escolhido, pois se escolhesse, sua escolha seria imperfeita. O que é imperfeito também não pode dizer ao que é Perfeito como este vai reinar sobre ele. Por isso a nossa relação com Cristo não é a relação que um súdito do Estado tem em relação à um rei, um presidente ou um primeiro-ministro. No Reino de Deus não temos direitos, antes, somos apenas servos e nada mais do que isso. 

Como Cam prefigura o Adão decaído e como Sem prefigura a Cristo, a relação de Cam com Sem só poderia ser a de total submissão. Por isso Noé decretou que Cam seria servo de Sem. 

Cam teve descendentes e foi habitar as terras entre o Rio Jordão e o Mediterrâneo. Para que a palavra de Noé se cumprisse, os descendentes de Sem deveriam possuir e conquistar as terras dos descendentes de Cam. Por isso YHWH ordenou a um descendente de Sem (Abrão) que Ele saísse de Ur e fosse a terra de Canaã (filhos de Cam). Abrão se transformou em Abraão no processo de cumprir a vontade divina, possuiu Canaã e lá instituiu sua descendência. 

A terra é, nas parábolas de Cristo, um tipo para o coração humano. É onde a Palavra é semeada e viceja. Conquistar a terra do homem do pecado (Cam), sujeitá-la, destruir seus altares e eliminar de todo qualquer resquício com o pecado é uma incumbência de cada crente. Isso significa a conquista do nosso coração para o SENHOR, a sua sujeição, a derrubada de todos os altares do velho homem em nós. 

Por essa razão é que o SENHOR ordenou a Moisés, e depois a Josué, que conquistasse a fio de espada toda a terra de Canaã, sem deixar fôlego sobre ela, pois qualquer erva daninha que reste na vinha há de crescer e contamina-la. 

O livro de Josué nos mostra que o povo de Israel de fato conquistou grande parte da terra de Canaã, porém, poupou os gibeonitas e os tornou escravos para um serviço que, aliás, era papel dos levitas do SENHOR (Js 9:27). 

Além disso, Josué chegou a idade avançada com muita terra para conquistar, razão pela qual YHWH determinou a Josué que esse distribuísse a terra entre as nove tribos e mais a meia tribo de Manassés (Js 13:1-7), prometendo que Ele mesmo, o SENHOR, expulsaria "essa gente da Terra à medida que Israel fosse avançando" (Js 13:6). 

A terra foi distribuída (Js 14 a 21) e até mesmo as tribos de Ruben, Gade e a outra meia tribo de Manassés foram alocadas a leste do Jordão (Js 22) e, ao final, antes de morrer, Josué admoestou o povo a se "esforçar muitíssimo" para não se misturar às populações que ainda restavam em Canaã (Js 23:7), isso aproximadamente 25 anos depois de terem cruzado o Jordão e entrado na Terra Prometida. 

É certo que a esta altura Israel não precisava mais empreender campanhas militares para conquistar a terra, pois desde que eles continuassem avançando sobre a terra, o SENHOR mesmo expulsaria as nações de onde Israel avançasse, porém, esta promessa deixaria de se cumprir, como advertido por Josué:

"Porque, se dele vos desviardes e vos apegardes ao restante destas nações ainda em vosso meio, e com elas vos aparentardes, e com elas vos misturardes, e elas convosco, sabei, certamente, que o SENHOR, vosso Deus, não expulsará mais estas nações de vossa presença, mas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais nesta boa terra que vos deu o SENHOR, vosso Deus" (Josué 23:12-13)

Nos três séculos e meio seguintes o povo de Israel descumpriu essa aliança, como denunciado na repreensão do Anjo do SENHOR em Boquim:

"Do Egito vos fiz subir e vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus altares; contudo, não obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes? Pelo que também eu disse: não os expulsarei de diante de vós; antes, vos serão por adversários, e os seus deuses vos serão laços" (Juízes 2:1-3).

A geração seguinte a dos anciãos da época de Josué "deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira" (Juízes 2:12), então "a ira do SENHOR se acendeu contra Israel e os deu na mão dos espoliadores, que os pilharam; e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não mais puderam resistir a eles" (Juízes 2:14). 

Portanto, se você é crente e se sente preso as práticas do inimigo, sem poder para resistir a ele, vide que isso pode ser o resultado de um coração que ainda não foi livre dos altares do velho homem. 

Talvez você se sinta na repetição interminável do ciclo de esfriamento, pecado, acusação e arrependimento. Veja se não é exatamente o que ocorreu com o povo de Israel: 

"Quando o SENHOR lhes suscitava juízes, o SENHOR era com o juiz e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias daquele juiz; porquanto o SENHOR se compadecia deles ante os seus gemidos, por causa dos que os apertavam e oprimiam. Sucedia, porém, que, falecendo o juiz, reincidiam e se tornavam piores do que seus pais, seguindo após outros deuses, servindo-os e adorando-os eles; nada deixavam das suas obras, nem da obstinação dos seus caminhos" (Juízes 2:18-19). 

A repetição desse ciclo em sua vida leva o SENHOR a fazer o que fez com o povo de Israel: 

"Pelo que a ira do SENHOR se acendeu contra Israel; e disse: Porquanto este povo transgrediu a minha aliança que eu ordenara a seus pais e não deu ouvidos à minha voz, também eu não expulsarei mais de diante dele nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu; para, por elas, pôr Israel à prova, se guardará ou não o caminho do SENHOR, como seus pais o guardaram. Assim, o SENHOR deixou ficar aquelas nações e não as expulsou logo, nem as entregou na mão de Josué" (Juízes 2:20-23). 

Esse castigo do SENHOR não tem apenas um caráter punitivo, antes, procura nos provar para ver se amamos ao SENHOR e se nos responsabilizamos pela guerra espiritual em prol da pureza de nosso coração: 

"São estas as nações que o SENHOR deixou para, por elas, provar a Israel, isto é, provar quantos em Israel não sabiam de todas as guerras de Canaã. Isso tão-somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos as gerações que, dantes, não sabiam disso" (Juízes 3:1-2). 

E o livro de Juízes completa que "estes ficaram para, por eles, o SENHOR pôr Israel à prova, para saber se dariam ouvidos aos mandamentos que havia ordenado a seus pais por intermédio de Moisés" (Juízes 3:4), ou seja, se você ainda se vê cercado por pendores carnais do velho homem do pecado (Cam), os quais você não consegue resistir, é porque você falhou lá no início, ao deixar de limpar a terra por completo, eliminando todo fôlego de vida carnal de sobre ela. 

O que fazer? 

A resposta é óbvia: arregimente-se à guerra, aprenda essa arte, vista a armadura do Espírito e, se preciso, resista até o sangue contra os ídolos que ainda habitam o seu coração. 

Sitie as cidades fortificadas onde os ídolos estão guardados, desembainhe a espada (Palavra), queime os campos e deixe que a fome (jejum) atinja os seus inimigos. Cante canções de guerra (louvor), faça rufar os tambores, vista-se para a guerra com a verdade, a justiça, o evangelho da paz e a salvação. 

E por mais meigos que possam ser os filhos dos seus inimigos (projetos humanos ímpios), eles devem ser mortos a fio de espada (Palavra), pois nada da descendência de Cam deve prevalecer no seu coração. 

Resista até o sangue, vença ou morra tentando, pelo Rei e pelo Reino. 




segunda-feira, setembro 19, 2022

RESTITUIR PRA DESFRUTAR DO PERDÃO

Desfrutar do perdão exige restituição. O perdão e a restituição são coisas diferentes. Antes que Jesus anunciasse a salvação da casa de Zaqueu, este se comprometeu a restituir os que ele prejudicou em quatro vezes mais o dano provocado. 

O pena do pecado é a morte e o perdão afasta essa pena. Fomos perdoados porque Jesus morreu nossa morte e esse perdão só favorece a quem se arrepende. Esse arrependimento, que é produzido pelo Espírito Santo, é recebido em nosso íntimo por nossa decisão e se presta a gerar frutos, que é a evidência do arrependimento.

Arrependimento sem frutos é arrependimento fake. 

Um dos frutos mais imediatos do arrependimento é a restituição.  Restituir é compor novamente o que foi defrauado, quando isso é possível obviamente. 

Assim, quem roubou, deve restiuir a quantia roubada com juros, como fez Zaqueu. Quem desonrou, deve honrar mais do que a desonra produzida. O capítulo 22 de Êxodo exemplifica algumas restituições que Israel deveria observar e se traduzem para nós, hoje, em princípios de restituição. 

Quando o pecado destrói algo insubstituível ou produz um mal irreparável, a restituição é substitutiva. Vemos isso exemplificado em Provérbios 12:8, que diz que "há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura". Todos sabemos que a palavra dita é como pedra atirada, não volta atrás, mas uma nova palavra dita com sabedoria pode curar a ferida feita com a palavra de ofensa. 

Muitas vezes o ofensor admite seu pecado, pede perdão a Deus e busca reaproximação com o ofendido por outros meios. Tenho um parente que nunca pedia perdão a esposa, mas lhe dava presentes quando queria obter esse perdão. A ironia disso é que Provérbios 6:35 diz que o marido ferido de ciúmes não aceitará os presentes. Isso nos mostra que os pecados que levam o ofendido a um sentimento visceral não se restituem com outra coisa senão o seu próprio antídoto. Assim, para a desonra, é preciso a honra. Para as palavras ferinas, as palavras de cura. Para o que foi defrauado, a restituição do patrimônio e aí por diante. 

Claro que a disposição em restituir às vezes já se faz suficiente, como no caso do filho pródigo, que se dispôs a ser escravo do seu pai, mas, por causa dessa disposição em restituir, foi ele mesmo restituído à sua condição de filho, por verdadeira graça. Mas isso depende de quem é restituído. 

É verdade que às vezes a restituição não é aceita. Algums abrem mão do perdão de seus próprios pecados para manter em cárcere emocional os que lhe feriram, independente de qualquer pedido de perdão ou iniciativa de restituição. Nesse caso, o restituidor fez sua parte e é o SENHOR que lhe assegura o desfrute da liberdade. 

Devemos escolher o momento oportuno e, estando ao nosso alcance, restituir o ofendido, para que o fruto do arrependimento, que o SENHOR vem buscar em nossos ramos, estejam lá quando ele passar.

segunda-feira, setembro 12, 2022

DEVO ORAR POR MIM?

Há dois anos eu fraturei o braço direito em um acidente de moto e desde lá já foram quatro cirurgias, com inúmeras restrições, dores, privações e grandes despesas. 

Certamente esse é um motivo pelo qual orar, porém, constantemente eu preciso ser lembrado por minha esposa pra orar pela minha própria saúde. 

Não é porque eu não ore, mas é porque entendo que se eu orar pela vontade de Deus em mim, eu já estarei orando por tudo em mim, porque Ele é que pensa o melhor a meu respeito, pensamentos de paz e não de mal, para me dar o fim que eu desejo, o Céu (Jr 29:11).

Eu não desconheço o fato de que Jesus nos disse "pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á" ( Mt 7:7-8) e nem desconheço que Ele nos disse que "até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa" (Jo 16:24), porém, quando Ele nos ensinou a orar, nos disse para pedirmos a Deus que a sua vontade fosse feita na terra e, de nós mesmos, nos ensinou a orar pelo Pão nosso de cada dia, que nada mais é do que Ele mesmo, o Pão que desce do céu (Jo 6:51). 

Não vejo problema em orar a Deus pelo alimento diário, mas pouco antes de nos ensinar a oração do Pai nosso, Jesus nos disse para não nos parecermos com os gentios repetindo o óbvio na oração, "porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais" ( Mt 6:8). 

Ora, eu tenho a mesmíssima necessidade diária de comer, logo, se todos os dias eu pedir a Deus por comida, eu irei repetir todos os dias a mesma oração, e isto em vão, pois o Deus que me fez sabe bem que eu preciso comer e Ele me alimenta independentemente de minha oração, pois o SENHOR provê alimento até mesmo para as aves, que não oram, quanto mais para nós, que somos seus filhos (Mt 6:26-27).  

Aliás, se eu, sendo mau, sei dar comida para os meus filhos mesmo que eles não me peçam (Mt 7:11), acaso o SENHOR, sendo bom, precisaria ser lembrado de dar de comer aos seus próprios filhos? 

Quando o seu filho criança te pede comida, certamente isso não é porque você esqueceu de alimenta-lo, mas porque ele está com fome naquele momento. E por mais que você saiba dos seus deveres em relação ao seu filho pequeno, você não o repreende por ele pedir comida, pois você se alegra no fato dele buscar satisfazer uma necessidade básica em você. Porém, se o seu filho já não é mais criança, se já deveria ele estar provendo o seu próprio alimento, e ainda assim ele te pede de comer, isso é frustrante e preocupante. 

Creio que do mesmo modo ocorre com relação ao SENHOR. Em nossa imaturidade espiritual, podemos e devemos buscar o SENHOR pelas mais básicas das necessidades. O comer, o beber e o se limpar, quando nos sujamos, tudo isso depende do Pai, mas quando não somos mais meninos, todas essas coisas nós precisamos fazer, porque fomos ensinados para isso eu já devíamos ter deixado para trás as coisas de meninos (I Co 13:11). 

O que buscamos na casa do Pai, quando já não somos mais meninos, é a sabedoria, o conselho, a direção e a liderança para que possamos realizar as nossas conquistas. Assim como Ló recebeu em Abraão (figura do Pai) a liberdade em meio ao cativeiro, também nós podemos buscar o Pai se escolhermos o lado errado da campina e acabarmos nos enfiando em Sodoma e Gomorra (Gn 13:11 e 14:12).

Outro motivo pelo qual, em geral, não oro para ser poupado das dores é que algumas dores estão ali justamente como correção do SENHOR, pois eu não o escutei de outro modo. Se o meu filho me desobedece a ponto de eu ter que corrigi-lo fisicamente, em geral, não adianta ele me pedir para largar a vara naquele momento. Se a vara está na minha mão é para ser usada no lombo dele e ela só chegou ali porque as minhas palavras não surtiram efeito. Creio que com Deus é o mesmo: se estou sendo açoitado com vara é porque isso foi necessário, de modo que orar para ser poupado nesse momento só reforça o fato de que eu até ali não entendi nada mesmo.

O cálice que Jesus bebeu (morte de cruz pelos pecados) eu não posso beber (Mt 20:22) e Ele tomou esse cálice por mim, porém, o cálice da repreensão eu devo beber até a última gota sem reclamar, pois na minha luta contra o pecado eu não tive que resistir até o sangue, mas Ele derramou seu sangue por mim e, por isso, porque suportou a minha repreensão, Ele pode me corrigir, de modo que eu não devo, de um lado, menosprezar essa repressão e, do outro lado, não devo fazer drama (desmaiar), ao contrário, devo aguentar a repreensão do Pai que revela todo o seu amor por mim, porque é um amor que se recusa a me deixar como estou. (Hb 12:4-8). Se recebo do Pai a vara da disciplina usada nos filhos, é porque não sou bastardo. 

Por isso eu sigo o ensino de Jesus no tocante a oração: oro para que a vontade de Deus seja feita na terra do meu coração, e na terra aonde eu piso, do mesmo modo como essa vontade já é feita nos Céus, ou seja, na realização incontestável de um querer bom, perfeito e que lhe agrada. 

Por fim, eu digo isso porque eu já oro, então, posso me dar ao luxo de aprimorar a oração que faço segundo os princípios das Escrituras, porém, se eu não orasse, qualquer oração que eu fizesse seria melhor que nenhuma, mesmo que eu orasse pelo meu próprio umbigo. 

Então, oremos. Mais e melhor, oremos. 






sexta-feira, setembro 02, 2022

JESUS NO ÉDEN

Em Mc 5:7 um espírito imundo reconhece Jesus quando o vê. De onde ele O conhecia? 

YHWH tem uma imagem e ela é a que se vê em Cristo. Pelo profeta Isaías YHWH nos disse "Eu sou o SENHOR e fora de mim não há Salvador" (Is 43:11). João Batista, que abriu os caminhos do Salvador, disse que ele não era esse Salvador (Jo 1:20), porém, quando Felipe pediu a Jesus que lhe mostrasse o Pai, Ele respondeu que quem olhava para Ele, enxergava o Pai, pois ele estava no Pai e o Pai estava nEle e que, portanto, o Pai ai estava com eles já há bastante tempo (Jo 14:8-10).

Creio que essa frase tem um duplo sentido, porque não só significa que Jesus estava andando com seus discípulos há algum tempo na Judeia e Galileia, mas que Jesus estava com os homens na Terra há muito tempo.

Ainda em João 14:10 Jesus diz algo ainda mais impressionante a Felipe. Ele diz que "as palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras", ou seja, Deus não apenas fala através de Cristo mas também age através dEle. 

E é justamente porque Cristo é o Verbo, a pessoa de YHWH que fala e faz, que creio que Cristo chegou ao Éden antes de Adão, pois desde que Deus pôs em marcha o processo da criação, a primeira vez que Ele moldou a criação através de seu Corpo foi quando Ele plantou um jardim no Éden e ali fez brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal.(Gn 2:8-9). 

Na verdade, Cristo estava em Elohim, no princípio (Gn 1:1), eis que este termo para a Divindade a considera no plural, e, como as palavras que Cristo diz Ele não as diz de Si mesmo, mas o Pai que nEle permanece faz as suas obras (Jo 14:10), parece certo dizer que é Cristo que diz todos os "haja" do primeiro capítulo de Gênesis, bem como é Ele que faz, supervisiona e vê como é boa a sua criação.

Ademais, Cristo é sinalizado novamente em Gênesis 2:2, quando se diz que YHWH descansou no sétimo dia, pois Jesus é senhor do sábado, sendo ele mesmo o nosso Descanso. 

A Árvore da Vida, ou Videira (Jo 15:1), é prefiguracão de Cristo, e o fruto é a prefiguração de sua carne e sangue, assim como o mandamento para se alimentar dEle, mas não comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, é a prefiguração da lei. 

Adão deixa de se alimentar de Cristo, que estava no centro, para se alimentar do que significava a desobediência à lei, morrendo, porquanto a verdadeira Vida, que é a vida eterna e que estava nele pelo Espírito Santo, extinguiu-se nele por causa da desobediência, deixando para trás apenas uma alma vivente habitando um corpo agora mortal. O estado de morte eterna, após a corrupção (morte) do corpo, passava a ser inevitável para Adão.

O acesso de Adão ao jardim e ao fruto de quem ele não quis se alimentar são fechados, para que ele não comesse do fruto em desobediência, porque ao comer do fruto eterno ele teria um corpo eterno, mas a desobediência que lhe trouxe a morte, acabaria por lhe render um corpo eterno para experimentar uma morte eterna. 

Porém, Cristo continua sua obra, trabalhando agora como dantes, e retorna no ventre da virgem, vivendo obedientemente e entregando sua vida como preço da desobediência de Adão e de todos os seus filhos. 

Aleluia! 


segunda-feira, agosto 15, 2022

FAMÍLIA DA FÉ

 

A família biológica supre nossa necessidade de relacionamento afetivo, expressa parte de nosso amor filia e estabelece e reforça nossa identidade terrena. Já a família espiritual, que é a congregação dos irmãos, supre nossa necessidade de relacionamento espiritual, expressa parte de nosso amor filia, assim como nosso amor agape também, e estabelece e reforça nossa identidade celestial.

Cristo nos ensinou sobre isso nas passagens de Mateus 12:46-50 e Mc 3:31-35.

Os textos enfatizam que Maria, mãe de Jesus, bem como seus irmãos, vieram falar com Ele, porém, em vez de entrarem onde Jesus estava congregado com os irmãos da fé, eles pediram que Jesus saísse para falar com eles. A Bíblia não diz, ao final, se Jesus saiu para se encontrar com sua mãe e seus irmãos ou se estes entram pra falar com ele, porém, antes de atender sua família biológica, Jesus usa o fato para dar um ensino à sua família espiritual.

Jesus diz que sua mãe e seus irmãos – ou seja, sua família – era o conjunto daqueles que faziam a vontade do Pai Celestial. Quantos a sermos “irmãos” entre nós e irmãos de Cristo, isto é enfatizado em Rm 8:29, onde Jesus é chamado de primogênito entre muitos irmãos. Já quanto à “mãe”, ela é uma figura da Igreja, tanto que o Apóstolo Paulo fala aos Gálatas que Sara é a mãe da promessa (Hb 11:11), ou aliança, e que essa aliança é figurada pelo Monte Sião, a Jerusalém Celestial, que é “lá de cima, que “é livre” e que "é a nossa mãe” (Gl 4:26).

Por isso, quando Jesus fala que sua “mãe” é a que faz a vontade do YHWH, Ele está dizendo que o Novo Testamento, a Nova Aliança, a Nova Promessa, simbolizada na forma terrena do Monte Sião e na forma celestial da Jerusalém Celeste, é aquela que nos gera e nos ensina.

Quanto a nos gerar, disse o anjo Gabriel a Maria que “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35) e, considerando que somos irmãos mais novos de Cristo, essa promessa se aplica a nós, ou seja, o ente santo que há de nascer em nós é chamado Filho de Deus, por isso, somos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo.

Quanto a nos ensinar, O Espírito Santo certamente é nosso professor, todavia, ele nos ensina no seio da Igreja, tanto é que Provérbios 1:8-9 diz “meu filho, ouça o ensino de seu pai e não despreze a instrução de sua mãe”. Aqui eu lembro de Timóteo, que foi aconselhado por Paulo a permanecer no ensino das Sagradas Escrituras que havia aprendido desde a infância (2Tm 3:14-15), sendo que esta fé havia habitado primeiramente em sua avó Loide e em sua mãe Eunice (2 Tm 1:5), não por acaso, duas mulheres.  

Por isso, em dadas situações, a nossa família celestial deve ter primazia sobre a família biológica.

Não é incomum, todavia, especialmente nos primeiros anos de fé, que venhamos desagradar nossa família biológica em razão da adoção da fé no Verdadeiro Jesus (I Jo 5:20) e, também, não é incomum experimentar o constrangimento, numa situação de necessidade, de não encontrar ajuda na igreja, porém, ter a mão estendida dos familiares (lembrando que também ocorre com muito frequência o contrário). 

Esse fato pode nos levar a um sofisma, o de que uma família “vale mais” do que a outra. Isso não é verdade, pois devemos honrar cada qual com a honra devida (Rm 13:7), porém, o homem e a mulher que deixa a sua parentela para formar um novo núcleo familiar devem, juntos, se associar a outros núcleos familiares como família da fé e darem a primazia das coisas espirituais à família espiritual, porém, sem faltar honra (Ef 6:2), assistência (I Tm 5:8), amor e comunhão aos familiares terrenos.

segunda-feira, julho 25, 2022

A CARNE SACRIFICADA PELO AMOR

 

O tema sobre o consumo de coisas sacrificadas aos ídolos é tratado por Paulo na primeira carta aos coríntios e, posteriormente, no livro dos atos dos apóstolos. O apóstolo Paulo responde a uma pergunta que lhe foi feita sobre o consumo de carne sacrificada aos ídolos e instrui os coríntios como lhe parece acertado, todavia, no livro de Atos é narrado o resultado do primeiro concílio, em Jerusalém, do qual resultou um “preceito necessário” (15:29) que pareceu correto não apenas à um apóstolo, mas à maioria do concílio e ao Espírito Santo, qual seja, o de que os crentes se abstivessem da carne sacrificada aos ídolos.

Segundo o que Paulo ensinou aos coríntios, o ato de se alimentar de carne que havia sido sacrificada aos ídolos era conduta que não tornava alguém melhor e nem pior (I Co 8:8), pois o ídolo (a estátua em si) não é nada e a consagração de um alimento (feito para o ventre) a esse ídolo não contamina o homem, até porque, segundo Jesus nos ensinou, não é o que entra pela boca que contamina o homem, sim o que sai dela (Mt 15:18).

O apóstolo explica que o comer não é pecado, que os alimentos foram feitos por Deus e deveriam ser recebido com ações de graças, sendo que nada é rejeitado por si mesmo (I Tm 4:4) e que se a consciência do indivíduo, uma vez fortalecida pelo “conhecimento da verdade” (I Co 8:7), não o acusar, ele deve comer de tudo o que se vende no mercado sem questionar se a origem é sacrificial ou não (I Co 10:25), santificando com ações de graça aquilo que ingere (I Co 10:30).

Esse é o ensino paulino sobre a liberdade que Cristo nos conquistou e nos outorgou para vivermos nela, porém, ele colocou o exercício dessa liberdade num degrau abaixo do amor ao próximo, ademais, ele entendeu que abrir mão dessa liberdade em determinadas situações é um dever de quem ama o próximo. A liberdade que Cristo nos conquistou é um Caminho, mas nesse caminho há uma trilha sobremodo excelente, que é o amor (I Co 12:31).

Paulo considera que o conhecimento da Verdade dos mais novos é um processo que deve ser preservado, inclusive com a renúncia de direitos por parte dos mais velhos, se necessário. Ele disse que não são todos os crentes que sabem que os ídolos não são nada e que “há um único Deus”, e que os crentes desprovidos deste conhecimento, se comerem algo sacrificado ao ídolo, tendem a considerar aquele consumo como uma participação no sacrifício, por mais que não seja, e isto por causa da familiaridade que tinham até ali com o ídolo (I Co 8:7).

O apóstolo também ensina que do mesmo modo que comer do pão e tomar do cálice na ceia é ter parte com Cristo – por causa da consagração interior que fazemos daqueles elementos exteriores – o comer da mesa dos demônios é ter parte com eles, todavia, só se isto afetar a consciência de quem está nessa mesa, pois, caso o crente tenha o conhecimento de que o sacrifício oferecido não significa nada, aí, nesse caso, pode comer se isto não afetar a sua consciência ou a consciência alheia.

Esse é um ensino refinado e inteligente, na medida em que uma das definições de inteligência é a capacidade de fazer distinções. Paulo apresenta o tema e estabelece distinções que fazem toda a diferença na conduta do crente, todavia, em sendo o evangelho o poder de Deus para todo o que crê, e sendo a crença uma faculdade dos que tem conhecimento, mas também dos que nunca terão, aprouve aos apóstolos, reunidos em concílio, em tornar o conselho de Paulo como um “preceito necessário” (15:29), ou seja, essa renúncia (do direito de comer de tudo em prol dos mais fracos) passou de um ato de amor à um preceito eclesiástico.

É triste que o belo ensino paulino tenha sido amiudado e transformado em regra no Concílio de Jerusalém, isto oito anos após a questão ter sido ensinada aos coríntios, porém, esse é o preço de vivermos em comunhão, ou seja, de nos nivelarmos por baixo em favor, e por amor, dos que (ainda) estão abaixo no conhecimento da Verdade.

Hoje poderíamos listar várias condutas que se enquadram entre as que não nos tornam aceitáveis a Deus e cuja prática não nos tornam melhores e nem piores. Um exemplo é o consumo de alimentos ou bebidas de determinada marca consagrada a um ídolo, assim como o consumo de determinadas bebidas cujo excesso é pecado; aliás, há várias coisas lícitas cujo exercício excessivo é pecado, tais como o comer, o trabalhar, o esporte, o jogar videogame ou o sexo, para ficar nesses exemplos.

Determinadas atividades profissionais, associativas ou políticas em geral também não nos tornam melhores e nem piores. É indiferente para Deus se sou médico ou catador de recicláveis, se colaboro ou não nalguma entidade de classe ou desportiva e se sou um militante político ou um completo alienado nessa área, pois livro de Eclesiastes nos diz que “tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Ec 9:10) e que “todas as coisas me são lícitas”, embora nem tudo me convêm (1 Co 10:23). Tudo o que não é de fé é pecado (Rm 14:23), logo, se sou governado pelo Espírito Santo, se atuo nalguma atividade humana e social e se tenho fé na correção de minha própria conduta, então, sou bem-aventurado, pois não me condeno naquilo que aprovo (Rm 14:22).

Há, neste sentido, três camadas diferentes de pecado. Há a camada mais exterior na qual estão as condutas que a Bíblia diz que são pecados. Exemplos: adultério, roubo, maledicência.

Há uma segunda camada onde se situam os atos que as Escrituras não apontam como pecados, mas que são pecados porque não conseguimos praticá-los sem acusação da própria consciência. Exemplo: consumir algum conteúdo cultural (música, filme, livro) que é associado em minha mente aos pecados que eu praticava no mundo.

Há, ainda, uma terceira camada onde se situam os pecados não descritos nas Escrituras, que também não afetam a minha consciência, mas que, praticados à vistas dos meus irmãos mais fracos, agridem sua consciência de modo a pôr em risco sua própria santidade pelo que eles consideram um mau exemplo (e esta última parte é importante).

Devemos nos abster desses três níveis de males e, ainda, de toda a aparência do mal (I Ts 5:22), ocupando-nos da consciência dos mais fracos, sem, contudo, deixar de insistir no crescimento destes, pois o que um dia foi um ensino restrito aos coríntios que receberam a primeira carta de Paulo, hoje tem o status de Escritura divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça inclusive aos fracos (2 Tm 3:16), que desta forma não tem mais desculpa de permanecerem fracos, pois no tempo presente há muito o que aprender, algumas coisas de difícil interpretação e que não tem sido ensinadas porquanto os fracos tem se feito negligentes em ouvir (Hb 5:11).

Alguns de consciência fraca, que se escandalizam debalde pelo exercício da liberdade dos mais fortes, já deveriam “ser mestres pelo tempo”, mas ainda necessitam do ensino dos “primeiros rudimentos das palavras de Deus”, como meninos que incapazes de “discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5:11-14).

 

 

 

segunda-feira, julho 11, 2022

TEXTO E CONTEXTO

A Bíblia diz, sobre si mesma, que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça" (Tm 3:16), logo, a utilidade pedagógica, repreensiva, corretiva e moral da Bíblia decorre da inspiração de seu todo. 

A inspiração do canon como um todo torna não recomendável a extração de sentido moral apenas de um texto. É preciso considerar cada texto com o seu consorte para o mesmo tema, ou seja, é preciso considerar o contexto. 

Daí decorre que precisamos identificar os temas nas Escrituras e os textos que tem a mesma sorte de comunicar um mesmo ensino, repreensão, correção ou moral. 

Vamos exemplificar com Malaquias 3:10, que manda a nação toda trazer ao templo ofertas medidas (décima parte), provando a Deus de modo a Ele abençoar a nação sem medida. 

Esse texto é do profeta Malaquias, que é contemporâneo de Neemias e no livro desse profeta (Ne 10:32-39 e 13:10-13) há textos complementares que ajudam a entender o teor de exortação, o quando, o como e o porquê. 

É o todo sobre um tema que nos permite acessar o ensino, a repreensão, a correção ou moral das Escrituras.  

A cronologia bíblica, a concordância temática e a tipologia de personagens, lugares e coisas nos ajudam a descobrir os contextos dos temas. 

A leitura contextual nos leva a um "todo escrito" sobre cada tema, revelando-nos a inspiração, que, como tudo que Deus faz, tem o seu propósito a ser relelado aos filhos. 

quinta-feira, junho 30, 2022

NÃO DESFALECER

Muitas vezes ouvimos a expressão "cuidado de Deus". Ela demonstra o quanto ficamos impressionados por um agir (divino) detalhado e perfeito, que é tão diferente de nós... 

É isso que a expressão "cuidado" significa, e não que Deus precise "tomar cuidado" com alguma coisa, como se houvesse a possibilidade de Ele agir de forma descuidada. Não há!

O mais impressionante acerca da perfeição é que o Ser Perfeito não precisa se esforçar para ser perfeito. Ele não precisa tomar nenhum cuidado, não precisa treinar, nem desenvolver habilidade e muito menos pedir ajuda a quem quer que seja. Ele simplesmente faz tudo o que faz de forma perfeita. 

Ele não "consegue" fazer de outra forma. Perfeição é característica inafastável de todos os seus atos. Deus também não precisa treinar para fazer alguma coisa, pois Ele é o saber absoluto. Mesmo que treinasse, não teria como se aprimorar, porque a perfeição com que faz todas as coisas também é absoluta. As suas motivações são tão perfeitas quanto os seus atos e fundadas no mais absoluto amor. 

Acredito que só tem uma coisa que Deus não possa ter em relação à sua perfeição: a alegria da contemplação, que requer alteridade. 

Para que Deus possa contemplar algo perfeito é preciso que mais alguém faça as coisas com perfeição, porém, sendo Deus o Único Perfeito (Hb 7:20), a única maneira disto ocorrer é Ele particionando-se em três pessoas que, não obstante, continuam sendo Único Deus.

Tem outra coisa que Deus também não "consegue" fazer. Deus não consegue crescer, desenvolver e se aprimorar, pois Ele É, o que significa que sua absoluta perfeição sempre foi e sempre será exatamente assim. O único modo de Deus contemplar o seu próprio incremento é particicionando-se e, ademais, encarnando-se num Ser que, tornado imperfeito por Si mesmo, volta-se para o Criador a fim de recuperar sua perfeição original. 

Este é o ser humano, criado em perfeição no primeiro homem, decaído de seu estado para tornar-se totalmente depravado e, depois, absolutamente recuperado pela santificação que obtém no Filho do Homem. 

Portanto, ainda que possamos e devamos ser aperfeiçoados em Cristo, esta não é nossa condição quando nascemos, pois estamos inclinados naturalmente a agir de forma imperfeita. A medida que sofremos as consequências de nossa imperfeição - e desde que tenhamos nos arrependido e nascido de novo - nós passamos à uma jornada de busca pela perfeição.

A perseverança, a insistência, o treino e o aprimoramento vão nos conduzindo a níveis maiores de excelência, porém, ainda assim podemos ter tentativas melhores e piores.

Vou exemplificar com o jejum. Houve uma época em que eu não jejuava e nem pensava nisso. Entendi o valor do jejum e comecei a jejuar. Me aprimorei e entendi que a regularidade no jejum era o mais importante. Passei a exigir de mim mesmo o jejum regular e fui avançando. 

Daí que tem dias que o jejum é ótimo, que é grande a sensação de dever cumprido, que parece que tocamos o céu, porém, mesmo que isso ocorra algumas vezes, sempre aparece um novo episódio onde o jejum é mal feito, onde mais se parece com uma greve de fome feita em meio a muitas atividades.

O motivo de irmos avançando e progredindo, ainda que aos poucos, é que não desistimos, pois sem a resiliência o fracasso não seria ocasional e, sim, permanente. 

Não devemos desistir de semear, pois só colhe aquele que não houver desfalecido (Gálatas 6:9).  

quarta-feira, junho 08, 2022

MARIA, MÃE DE JESUS?


O Anjo disse a Maria: "eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus" (Lc 1:31). Esse termo "conceberás" (sullambano) significa agarrar, reter, ou seja, o papel de Maria seria reter em seu ventre o que nela seria gerado do seguinte modo:

"Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1:35)

Observe que duas Pessoas da Triunidade Divina são mencionadas para explicar a Maria a geração de Jesus em seu ventre: Espírito Santo, que desceria sobre ela, e o Altíssimo, que compareceria com seu poder para envolve-la com a Sua sombra (ou imagem), de modo que o ente santo que haveria de nascer não seria chamado de filho de José, ou mesmo filho de Maria (como um bastardo), mas, sim, Filho de Deus! 

Isso nos mostra que Jesus desenvolveu-se no ventre de Maria após ter sido gerado pela imagem do Pai que investiu sobre a descida do Espírito Santo, tudo isso dentro de Maria. 

Ora, se Jesus é gerado pelo Pai e pelo Espírito Santo, acaso poderíamos dizer que um desempenha o papel masculino e outro feminino? 

Bem, o livro de Êxodo diz que "o SENHOR é homem de guerra; SENHOR é o seu nome" (15:3), logo, será que o Espírito Santo desempenha um papel feminino?

A palavra hebraica para "espírito" (ruach) é feminina em Gênesis 1:2, embora isso não seja definitivo pra cravar um gênero feminino ao Espírito Santo. Acredito na dualidade de papéis complementares onde o Cristo comparece para ocupar o Corpo com que é presenteado a partir da interpenetração do Pai e do Espírito Santo. 

Para reforçar a ideia do papel feminino do Espirito Santo, observe-se que o que Jesus disse sobre o Espírito Santo, ou seja, que Ele seria "Consolador", que o Pai o enviaria em seu nome e que Ele nos ensinaria todas as coisas e nos faria lembrar de tudo o que nos foi dito (Jo 14:25-26). 

Ora, de quem é o papel familiar de ensinar e fazer lembrar e, ainda, de consolar os filhos? Provérbios 1:8 nos convoca a ouvir o "ensino de teu pai", traduzido pela palavra hebraica que indica correção, disciplina e castigo; porém, o texto diz pra não deixarmos a "instrução da mãe", traduzido a partir de torá, que significa orientação e instrução. 

Ademais, a passagem de Isaías 66:13 diz que "como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados", demostrando que o papel de consolo é justamente o da mãe. 

Isso torna o Espírito Santo mulher?  Obviamente que não, até porque Deus não é homem (Nm 23:19). 

O que esse ensino nos mostra é que os dois sexos - macho e fêmea - nos quais os humanos e boa parte dos animais e das plantas se dividem quase igualitariamente em número, são uma sombra (imagem) das coisas celestes (Hb 8:5). 

Deus nos mostra com isso que nEle subsistem dois papéis indispensáveis a criação, e que estes papéis se reproduzem em sua imagem sobre a terra de modo que deveríamos dar honra a cada qual por sua função criacional. 


sexta-feira, janeiro 14, 2022

TRAPO DE IMUNDÍCIA 

O SENHOR nos diz, pelo profeta Isaías (Is 64:5), que Ele sai “ao encontro daquele que com alegria pratica a justiça”, daqueles que se lembram do SENHOR nos teus caminhos, porém, o SENHOR se ira com esses tais, porque estão em pecado.

 

Ora, como pode alguém que pratica a justiça e que se lembra do SENHOR nos seus caminhos estar em pecado? A resposta está no versículo seguinte, onde Isaías diz “todos nós somos como o imundo e todas as nossas justiças são como trapo da imundícia” (Is 64:6). Repare que ele não diz somos imundos, mas somos COMO o imundo, ou seja, ele equipara o homem justo ao imundo, certamente quando este homem apresenta os seus atos de justiça como justificação de si mesmo.

 

A expressão trapo de imundícia indica a veste adicional usada pela mulher para conter seu fluxo menstrual. É uma expressão forte, usada pelo SENHOR para nos provocar nojo. É certo que o SENHOR ama ao que pratica a justiça (Sl 37:28), porém, Ele considera imundo aquele homem ou mulher que, depois de praticar a justiça, apresenta esses atos justos a Deus, ou aos seus semelhantes, como justificação de si mesmo, ou seja, como aquilo que vem redimir seus maus feitos.

 

Diz o SENHOR que “quando o justo se desviar da sua justiça e cometer a iniquidade” ele “morrerá no seu pecado” e “as suas justiças, que tiver praticado, não serão lembradas” (Ez 3:20), ou seja, não temos uma conta corrente no Céu onde cada boa atitude apaga um pecado. No juízo final, se alguém for achado por Deus em si mesmo, o que vai contar é o pecado dessa pessoa e não seus bons feitos. É por isso que Paulo se diz “achado em Cristo”, não tendo uma justiça que vem das boas ações, mas “a justiça que vem de Deus pela fé” (Fp 3:9).

 

Aliás, não é diferente no Novo Testamento, pois o Apóstolo Paulo chama essa conduta ética justificadora do seu praticante de “justiça própria”, testemunhando que ele mesmo fora irrepreensível no tocante a justiça que há na lei (Fp 3:6), porém, essa boa conduta, que deveria ser contada como vantagem, Paulo a considera como skubalon (grego), que significa escória ou resto de excremento. Repare que assim como no Velho Testamento, aqui a justiça própria também recebe um adjetivo que nos leva ao nojo.

 

Porque será que o SENHOR tem nojo quando o indivíduo apresenta a sua conduta como justificativa de seus maus feitos?

 

Creio que a resposta está na expressão trapo de imundícia. Este pano dobrado tem a função de conter o sangue que a mulher libera mensalmente numa fase da vida. A bíblia diz que a “a vida da carne está no sangue” e que o sangue nos é dado para apresentarmos “sobre o altar para fazer expiação pelas nossas almas, porque é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17:11).

 

Porém, não é qualquer sangue que fará expiação pela alma, mas o sangue que carregue a vida daquele que o entregou, pois a consequência do pecado (o salário) é a morte daquele que peca e não somente uma doação de sangue. Se a pessoa que peca pudesse ser remida com a doação de sangue, Jesus não precisaria ter morrido na cruz, bastaria ter cortado os pulsos sobre o altar do Templo. Deus teria recebido o santo sangue sobre o altar, perdoaria a humanidade e ficaria tudo certo, com Jesus vivo inclusive, e reinando na Terra a partir daí. Não é assim. Jesus morreu no madeiro porque o que interessava ao Céu era a vida que está no sangue e não o sangue no qual está a vida.

 

O sangue de Jesus foi totalmente derramado até que de seu corpo não saiu mais sangue, mas água. Esse sangue contém a “vida da carne” (biológica) de Cristo e por isso este sangue representa a justiça de Cristo, ou seja, o ato único e suficiente praticado por Cristo por todos os homens. A sua entrega à uma morte injusta e dolorosa é o seu ato. Esse é o ato que o SENHOR recebe como expiação pela alma, não de um só homem, mas de todos.

 

 

Cada um dos remidos do SENHOR é parte do Corpo do Cristo (I Co 6:15), sendo a igreja este mesmo Corpo (Cl 1:24), muitas vezes na escritura representado por uma mulher (Ef 5:25), a Noiva, que é chamada a se ataviar com “linho fino, puro e resplandecente, porque o linho fino são as justiças dos santos” (Ap 19:8), ou seja, fomos ganhos pra Cristo justamente para a prática das boas obras (Ef 2:10). Porém, essas boas obras da Noiva não podem ser apresentadas em lugar da obra do Noivo, pois ainda que a Noiva viva a sangrar todos os meses, este sangue não carrega consigo a vida do Noivo, vida esta que foi derramada, isto sim, de uma só vez, com todo o sangue do Noivo, na cruz do calvário.

 

Tu tens obras? Deixe que Deus olhe tuas obras de dentro para fora a fim de respaldar a fé que te justifica, porém, não me mostre tuas obras como argumento de autoridade, como se delas decorresse o direito ao traje precioso, ao anel no dedo e ao lugar de honra no ajuntamento, pois há alguns que, ainda que vestidos de sórdidos trajes, foram escolhidos pelo Amado para serem ricos pela fé no seu sangue, que os justifica gratuitamente pela sua graça (Tg 23 e Rm 3:25). Certamente que isso é uma loucura, um argumento que escandaliza os certinhos (I Co 1:23), mas como de forma lógica e racional o mundo não conheceu a Deus, aprouve a Ele salvar só os que creem nessa loucura (I Co 1:21).