terça-feira, setembro 27, 2022

CORAÇÃO EM GUERRA

Muitos se perguntam a razão de continuarem sujeitos a certos pendores e à pecados que desafiam a vontade do crente de ser liberto. A Bíblia tem resposta para essa questão.

O sacerdotes do SENHOR, seja na velha aliança, ou na nova, ministram a sombra das coisas celestiais (Hebreus 8:5) e devemos atentar para o que é sombra, para discernir os contornos do que é real. 

Olhemos para as sombras do que nos ensina o Antigo Testamento, pois a Palavra do SENHOR é infalível e Ele só constrói sobre o que Ele mesmo já disse, sem nunca se contradizer e sem deixar de cumprir a palavra empenhada. 

Logo após Noé sair da arca, no incidente em que seu pecado (nudez da embriaguez) foi exposto por seu filho mais novo e coberto por seu primogênito, o patriarca amaldiçoou Cam para ser escravo de Sem. Os dois filhos são figuras de Adão e Cristo. Jesus, o segundo Adão, em verdade é o Primogênito da Criação e Adão, o seu irmão mais novo. Enquanto Adão expõe o pecado do homem, Cristo vem com seu manto carmesim para cobri-lo. 

Cristo estava destinado a reinar sobre toda criação antes da fundação do mundo. O reinado de alguém que é Perfeito sobre alguém que é imperfeito é um reinado absolutista, pois aquele que é imperfeito nem mesmo pode escolher o seu rei, apenas ser escolhido, pois se escolhesse, sua escolha seria imperfeita. O que é imperfeito também não pode dizer ao que é Perfeito como este vai reinar sobre ele. Por isso a nossa relação com Cristo não é a relação que um súdito do Estado tem em relação à um rei, um presidente ou um primeiro-ministro. No Reino de Deus não temos direitos, antes, somos apenas servos e nada mais do que isso. 

Como Cam prefigura o Adão decaído e como Sem prefigura a Cristo, a relação de Cam com Sem só poderia ser a de total submissão. Por isso Noé decretou que Cam seria servo de Sem. 

Cam teve descendentes e foi habitar as terras entre o Rio Jordão e o Mediterrâneo. Para que a palavra de Noé se cumprisse, os descendentes de Sem deveriam possuir e conquistar as terras dos descendentes de Cam. Por isso YHWH ordenou a um descendente de Sem (Abrão) que Ele saísse de Ur e fosse a terra de Canaã (filhos de Cam). Abrão se transformou em Abraão no processo de cumprir a vontade divina, possuiu Canaã e lá instituiu sua descendência. 

A terra é, nas parábolas de Cristo, um tipo para o coração humano. É onde a Palavra é semeada e viceja. Conquistar a terra do homem do pecado (Cam), sujeitá-la, destruir seus altares e eliminar de todo qualquer resquício com o pecado é uma incumbência de cada crente. Isso significa a conquista do nosso coração para o SENHOR, a sua sujeição, a derrubada de todos os altares do velho homem em nós. 

Por essa razão é que o SENHOR ordenou a Moisés, e depois a Josué, que conquistasse a fio de espada toda a terra de Canaã, sem deixar fôlego sobre ela, pois qualquer erva daninha que reste na vinha há de crescer e contamina-la. 

O livro de Josué nos mostra que o povo de Israel de fato conquistou grande parte da terra de Canaã, porém, poupou os gibeonitas e os tornou escravos para um serviço que, aliás, era papel dos levitas do SENHOR (Js 9:27). 

Além disso, Josué chegou a idade avançada com muita terra para conquistar, razão pela qual YHWH determinou a Josué que esse distribuísse a terra entre as nove tribos e mais a meia tribo de Manassés (Js 13:1-7), prometendo que Ele mesmo, o SENHOR, expulsaria "essa gente da Terra à medida que Israel fosse avançando" (Js 13:6). 

A terra foi distribuída (Js 14 a 21) e até mesmo as tribos de Ruben, Gade e a outra meia tribo de Manassés foram alocadas a leste do Jordão (Js 22) e, ao final, antes de morrer, Josué admoestou o povo a se "esforçar muitíssimo" para não se misturar às populações que ainda restavam em Canaã (Js 23:7), isso aproximadamente 25 anos depois de terem cruzado o Jordão e entrado na Terra Prometida. 

É certo que a esta altura Israel não precisava mais empreender campanhas militares para conquistar a terra, pois desde que eles continuassem avançando sobre a terra, o SENHOR mesmo expulsaria as nações de onde Israel avançasse, porém, esta promessa deixaria de se cumprir, como advertido por Josué:

"Porque, se dele vos desviardes e vos apegardes ao restante destas nações ainda em vosso meio, e com elas vos aparentardes, e com elas vos misturardes, e elas convosco, sabei, certamente, que o SENHOR, vosso Deus, não expulsará mais estas nações de vossa presença, mas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais nesta boa terra que vos deu o SENHOR, vosso Deus" (Josué 23:12-13)

Nos três séculos e meio seguintes o povo de Israel descumpriu essa aliança, como denunciado na repreensão do Anjo do SENHOR em Boquim:

"Do Egito vos fiz subir e vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus altares; contudo, não obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes? Pelo que também eu disse: não os expulsarei de diante de vós; antes, vos serão por adversários, e os seus deuses vos serão laços" (Juízes 2:1-3).

A geração seguinte a dos anciãos da época de Josué "deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o SENHOR à ira" (Juízes 2:12), então "a ira do SENHOR se acendeu contra Israel e os deu na mão dos espoliadores, que os pilharam; e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não mais puderam resistir a eles" (Juízes 2:14). 

Portanto, se você é crente e se sente preso as práticas do inimigo, sem poder para resistir a ele, vide que isso pode ser o resultado de um coração que ainda não foi livre dos altares do velho homem. 

Talvez você se sinta na repetição interminável do ciclo de esfriamento, pecado, acusação e arrependimento. Veja se não é exatamente o que ocorreu com o povo de Israel: 

"Quando o SENHOR lhes suscitava juízes, o SENHOR era com o juiz e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias daquele juiz; porquanto o SENHOR se compadecia deles ante os seus gemidos, por causa dos que os apertavam e oprimiam. Sucedia, porém, que, falecendo o juiz, reincidiam e se tornavam piores do que seus pais, seguindo após outros deuses, servindo-os e adorando-os eles; nada deixavam das suas obras, nem da obstinação dos seus caminhos" (Juízes 2:18-19). 

A repetição desse ciclo em sua vida leva o SENHOR a fazer o que fez com o povo de Israel: 

"Pelo que a ira do SENHOR se acendeu contra Israel; e disse: Porquanto este povo transgrediu a minha aliança que eu ordenara a seus pais e não deu ouvidos à minha voz, também eu não expulsarei mais de diante dele nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu; para, por elas, pôr Israel à prova, se guardará ou não o caminho do SENHOR, como seus pais o guardaram. Assim, o SENHOR deixou ficar aquelas nações e não as expulsou logo, nem as entregou na mão de Josué" (Juízes 2:20-23). 

Esse castigo do SENHOR não tem apenas um caráter punitivo, antes, procura nos provar para ver se amamos ao SENHOR e se nos responsabilizamos pela guerra espiritual em prol da pureza de nosso coração: 

"São estas as nações que o SENHOR deixou para, por elas, provar a Israel, isto é, provar quantos em Israel não sabiam de todas as guerras de Canaã. Isso tão-somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos as gerações que, dantes, não sabiam disso" (Juízes 3:1-2). 

E o livro de Juízes completa que "estes ficaram para, por eles, o SENHOR pôr Israel à prova, para saber se dariam ouvidos aos mandamentos que havia ordenado a seus pais por intermédio de Moisés" (Juízes 3:4), ou seja, se você ainda se vê cercado por pendores carnais do velho homem do pecado (Cam), os quais você não consegue resistir, é porque você falhou lá no início, ao deixar de limpar a terra por completo, eliminando todo fôlego de vida carnal de sobre ela. 

O que fazer? 

A resposta é óbvia: arregimente-se à guerra, aprenda essa arte, vista a armadura do Espírito e, se preciso, resista até o sangue contra os ídolos que ainda habitam o seu coração. 

Sitie as cidades fortificadas onde os ídolos estão guardados, desembainhe a espada (Palavra), queime os campos e deixe que a fome (jejum) atinja os seus inimigos. Cante canções de guerra (louvor), faça rufar os tambores, vista-se para a guerra com a verdade, a justiça, o evangelho da paz e a salvação. 

E por mais meigos que possam ser os filhos dos seus inimigos (projetos humanos ímpios), eles devem ser mortos a fio de espada (Palavra), pois nada da descendência de Cam deve prevalecer no seu coração. 

Resista até o sangue, vença ou morra tentando, pelo Rei e pelo Reino. 




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