quinta-feira, dezembro 14, 2023

MATA E COME

Quando Pedro foi à casa do centurião Cornélio ele disse: "Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo". 

O SENHOR havia mostrado a Pedro que ele não deveria considerar comum ou imundo nenhum homem e isto ocorrera dois dias antes, durante uma visão que fez Pedro perder os sentidos. 

O que chama a atenção é o modo que o SENHOR escolheu pra trazer essa convicção a Pedro. A visão se deu com o arrebatamento de sentidos, ou seja, Pedro perdeu a conexão com o que ocorria à volta dele e passou a ver, com o espírito, uma outra dimensão onde o céu se abria e dele descia para a terra um vaso, porém, a aparência desse vaso era a de um lençol cheios de coisas, atado pela quatro pontas. 

Havia dentro desse vaso muitas aves do céu, além de animais terrestres, quadrúpedes, répteis e feras e aquele a quem Pedro chamou de senhor mandou do céu que Pedro matasse e comesse tais animais. Pedro objetou que nunca havia comido animal comum e imundo, ao que a voz replicou: "Não faças tu comum ao que Deus purificou" (At 10:15). 

Não há palavras inúteis na Escritura, ‭‭pois toda ela "é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça" (2 Tm 3:16), portanto, vamos atentar para o contexto no qual Pedro se encontrava. 

Diz a escritura que Pedro estava em viagem missionária, em Jope, e que por volta de meio-dia, estando com fome, Pedro subiu ao terraço para orar enquanto os da casa lhe preparavam a comida.

Não parece ser despropositado, portanto, que o objeto da visão de Pedro tenha sido matar e preparar o alimento. O SENHOR colocou animais na visão, mas Pedro entendeu perfeitamente que se tratavam de homens. Pedro viu com o espírito aquilo que sua carne necessitava naquele momento. 

Pedro estava orando com fome, que é exatamente o que fazemos quando estamos jejuando. O corpo de Pedro clamava pelo alimento e é provável que a mente de Pedro se dividisse em pensamentos relativos à comida durante a oração. 

Quando o corpo queria o pão da terra, o espírito queria o Pão do Céu e a mente se dividia em pensamentos entre estes dois, o SENHOR trouxe uma convicção a partir de uma visão que se valia dos pensamentos que ocupavam a mente de Pedro naquele momento. 

A mente se dividia entre o interesse pelo alimento celestial e o alimento terreno e justamente nesse momento sobrevém a Pedro uma visão onde ele vê o céu, a terra e o alimento que era tanto natural como espiritual. 

Devemos lembrar que Jesus disse aos discípulos que a sua comida era fazer a vontade do Pai que lhe enviara (Jo 4:34‬) e que a vontade do Pai era que todos os homens se salvassem e chegassem ao pleno conhecimento da verdade (1Tm ‭2:4‬), ou seja, há uma fome que só é saciada com conversões de almas. 

O que o SENHOR fez naquele terraço foi usar a fome de Pedro para demonstrar que Ele mesmo tinha uma fome de salvação e que saciaria essa fome com a morte do ego de homens de toda tribo, língua, povo e nação. 

quinta-feira, dezembro 07, 2023

ALTAR, PÚLPITO, PLATAFORMA, PALCO E PICADEIRO

O *altar* é onde nós encontramos com YHWH, pois a comunhão com o Santo requer o sacrifício do que é decaído. Levítico 6:13 diz que "o fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará”. Esse fogo é o resultado da presença do Espírito Santo em nós. A santidade, em contato com nossa humanidade decaída, gera fogo consumidor. 

O *púlpito* é onde aquele que foi comissionado por Deus no altar serve seus irmãos, partilhando o Pão do Céu que recebera do SENHOR.  

A *plataforma* é o lugar onde a assembleia dos santificados é ministrada. O púlpito fica na plataforma, mas não se confunde com ela. O louvor parte da plataforma, assim como testemunhos, ensinos e até recados para organizar a vida da comunidade espiritual. 

O *palco* é uma distorção do púlpito e/ou da plataforma. Ocorre quando aquele que fala à assembleia performa, em vez de servir. A performance diante da assembleia é um grave pecado. Ananias, por exemplo, performou um personagem diante dos apóstolos. Ele trouxe parte do dinheiro da venda de uma propriedade como se fosse o todo (Atos 5). O objetivo era receber os olhares de aprovação por tamanho ato de abnegação, como ocorrera com Barnabé (Atos 4:37). 

A performance hoje ocorre de muitas maneiras, basicamente quando ofertamos à assembleia um dom como se fosse um serviço ao SENHOR, quando na verdade é um serviço à própria imagem. Seja cantando, tocando, pregando ou testemunhando, a performance ocorre quando a motivação interior, ao contrário do que parece, não está na entrega dos dons, mas na recepção dos olhares e das atenções. 

Este não é um pecado contra o corpo, como a impureza, mas um "pecado fora do corpo" (I Co 6:18) e que, ademais, é cometido a pretexto de ser espiritual. 

Seja salmo, doutrina, revelação, língua, interpretação (1 Co ‭14:26‬), louvor ou testemunho, quem os tem deve entregá-los à assembleia para edificação de todos, porém, a motivação deve ser integralmente a entrega, pois o SENHOR, que confere os dons, não divide a glória dele com ninguém. 

O *picadeiro*, por último, é mais do que uma distorção do púlpito e da plataforma. É uma verdadeira desgraça, pois ocorre quando aquilo que já era um palco se deteriora ainda mais. No picadeiro a oferta vira um negócio, a pregação vira mera profissão, o louvor vira um produto e, como palhaços, ninguém é mais aquilo que aparenta. 

Que o SENHOR nos conserve íntegros no seu altar, para que todo o nosso agir seja santo em nossos púlpitos e plataformas.