segunda-feira, outubro 24, 2022

JEZABEL E O SELO REAL

O Homo Sapiens, macho e fêmea, foi feito de modo a perseguir a imagem de YHWH (Gn 1:27), o que implica ter uma aparência triuna com cabeça, tronco e membros, tal qual YHWH é descrito nas Escrituras, onde vemos referências a Ele ter olhos, boca, mãos, pés, braços e poder assentar-se. 

Aliás, considerando que Jesus "É" antes de toda criação, fica evidente que o corpo com a aparência que conhecemos já era ostentado pelo SENHOR antes de criar o homem. 

Ainda que Ele tenha se esvaziado para tomar forma humana, o esvaziamento diz respeito ao fato de que Ele, que já possuía um corpo imortal, tomar um corpo mortal (1 Co 15:42) para morrer por nós. 

Há corpos celestiais e corpos terrestres e sabemos que é semeado o corpo degradável para vê-lo ressuscitado incorruptível, portanto, o corpo humano e mortal é considerado uma semente, enquanto que o corpo imortal é considerado uma árvore já formada. Não por acaso Jesus disse ser a Árvore da Vida. 

Ora, se o corpo mortal é comparado a uma semente, podemos dizer que o corpo mortal realiza as fases da semente: embebição, indução do crescimento e crescimento do eixo embrionário.

Na embebição a semente recebe a água (Palavra) que induz o crescimento até que o projeto de um outro Corpo que está nela (Cristo) rompa as paredes daquele primeiro corpo (semente) deixando a terra e acendendo aos céus. 

Por isso, quando deixarmos o corpo mortal e passarmos a ostentar o corpo imortal, não seremos mais homens ou mulheres, passando desde logo a seres eternos que, por não se multiplicarem mais, não se casam (copulam). 

Se consultarmos os termos imagem e semelhança na Bíblia veremos que a imagem diz respeito à aparência e a semelhança diz respeito à função. Por isso, no tocante a imagem, tanto homens quanto mulheres se parecem com o corpo ressurreto de Cristo. Aliás, acredito ser essa a grande razão pela qual os apóstolos não reconheceram a Cristo, pois o corpo mortal precisava ter aparência masculina e seu corpo ressurreto passou a ter a aparência que teremos, ou seja, como os anjos, nem exatamente masculina, nem exatamente feminina, mas a aparência de alguém forte com um homem e de feições belas como a mulher. 

Observe se que tanto a mulher quanto o homem são feitos a imagem de Deus, mas só o homem se assemelha ao seu SENHOR, pois só ao homem foi dada a missão de lavrar o Jardim, tendo Eva a incumbência de ajudar o homem nesta missão. Depois da queda a vontade da mulher se vinculou a do homem, preservada em sua função de mãe. 

É extremamente positivo que a justiça do Reino de Deus trazida à terra por meio da cultura judaico-cristã tenha dado à mulher uma igualdade jurídico-civil em relação ao homem, porém, no âmbito da eternidade isso não muda o fato de que o plano de Deus na terra será realizado pelo homem, tendo a mulher como auxiliadora neste processo. 

Se o diabo tivesse como fazer cair aquele que era semelhante a Deus, ele o teria feito. Não foi assim. Para fazer cair o homem o diabo precisou da mulher, pois primeiro enganou a Eva, para que através dela levasse Adão à desobediência. 

O homem não foi enganado, antes, foi manipulado por sua auxiliadora e é por isso que tudo que diz respeito a voltar a Deus implica em que o homem assuma a condição de ensinar à sua mulher aquilo que Adão não ensinou a Eva. A missão do homem depende de instruir sua auxiliadora em vez de ser manipulado por ela. 

Isso nos leva a um padrão das Escrituras no qual a mulher deve aprender em silêncio e submissão de seu próprio marido, exatamente como a igreja aprende em silêncio e submissão o ensino de Cristo. As mulheres, enquanto partes do Corpo, estão aprendendo o que Cristo está à ensinar na congregação através daqueles que falam por Ele, porém, isso não é suficiente para aquelas que são casadas, pois estas devem ter semeado no espírito a semente da Palavra, do mesmo modo como a semente carnal do marido é semeada na esposa, trazendo frutos no corpo e no espírito. 

A disfunção, o desvio, a depravação e o erro em relação a esse padrão bíblico se vê na vida de Acabe e Jezabel, em especial na passagem sobre a Vinha de Nabote. 

Nabote, vizinho do Rei Acabe, havia herdado uma vinha. O rei, por sua vez, por mero capricho, desejou transformar aquela vinha numa horta. Há, aqui, referências possíveis à Caim e à Esaú, tanto pela agricultura de Caim, como pela obstinação carnal de Esaú em detrimento de sua função. 

Nabote se assemelha àquele que era senhor de uma vinha da parábola de Mateus 21:33-41. A Videira Verdadeira dessa vinha é Cristo. Acabe, que era rei do povo de onde deveria vir o Messias, distraído em relação à sua verdadeira função, resolve eliminar a vinha para nela fazer uma horta, o que é uma figura da destruição de Israel como vinha de onde nasceria a Videira Verdadeira. 

Quando Jezabel vê Acabe entristecido em razão de Nabote lhe ter negado a vinha, ela deixa sua posição de auxiliadora para, questionando a autoridade de homem e de rei que havia sobre Acabe, passar a um ativismo que visava dar a Acabe o que ele queria ter. A mulher de Deus ajuda o homem a realizar sua missão em Deus, já Jezabel ajuda o homem a realizar sua vontade carnal, dando-lhe algo para se distrair enquanto é ela que manda cartas com o selo real (1 Rs 21:7).

Jezabel diz a Acabe: eu te darei a vinha de Nabote, ou seja, eu te darei o que você quer. Na sequência, Jezabel escreve e sela cartas em nome de Acabe dirigindo-as aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade. 

O que essa passagem nos mostra é uma esposa que compra a autoridade real do marido com o suprimento de seus caprichos. Enquanto ela se mostra extremamente devotada à vontade do marido, ali ela está usurpando a sua autoridade. Ela fala aos nobres em lugar dele, assina e decreta a injustiça em seu lugar. 

Não tenho dúvida alguma sobre a igualdade civil de homens e mulheres. Isso é justo e bom, porém, assim como não é bom dar ao homem a função de gerar e amamentar, não é bom dar a mulher casada a função real de seu marido. E, como na nova aliança somos não apenas reis, mas sacerdotes, não é certo que o homem atribua a sua função sacerdotal à sua mulher. 

Há sacerdotes cujas esposas em nada lhes auxiliam nessa função sacerdotal. São mulheres que se limitam aos filhos e ao cuidado de seus maridos, além de, nalguns casos, contribuírem com a provisão do lar. Obviamente que essas esposas de sacerdotes são as primeiras ovelhas do aprisco desses tais. Há, contudo, sacerdotes cujas as esposas lhes auxiliam diretamente no pastoreio sobre a congregação. Essas esposas estão muito próximas dos selos e das cartas com que este sacerdote exerce a sua função. Especialmente quando as esposas detém conhecimento, vontade e energia para o sacerdócio, torna-se uma tentação não usar o selo e a carta real.