quinta-feira, julho 15, 2021

PLANO NUNCA FRUSTRADO

Ao longo da história, na idade antiga, média, moderna e até contemporânea, reinos duelaram pelos recursos terrenos. Embora cada reino exercesse domínio sobre um território, as batalhas decisivas não ocorriam em todo território, antes, eram travadas em lugares específicos, normalmente descampados, onde os exércitos se posicionavam, entravam em batalha e decidiam a disputa.

A criação terrestre obedece um modelo celestial e muito do que fazemos é figura e sombra das coisas celestes (Hb 8:5), logo, pressupõe-se que uma guerra entre os seres celestiais não ocorra indiscriminadamente no universo como um todo, mas seja decidida num campo de batalha. 

Acredito que o planeta Terra é um campo de batalha e creio que ela está relatada em Apocalipse 12:3-12, onde é dito que dois exércitos angelicais se enfrentaram. De um lado Satanás, o dragão e antiga serpente comandando um terço dos anjos e, de outro lado, o arcanjo Miguel comandando os demais anjos.

Contudo, acredito que além da derrota das hostes rebeldes, Satanás ainda seria pessoalmente derrotado num duelo com o próprio Deus. Vejamos como e porque.

Lúcifer desejou se assentar no trono do Altíssimo (Ez 28:2), pois estimou o próprio coração como se fora o coração de Deus (Ez 28:6), portanto, creio que o próprio Deus providenciou um campo de batalha em que Satanás seria pessoalmente derrotado. 

Mas como poderia ser justa uma batalha entre o Criador e a criatura? Como poderia o Todo Poderoso medir forças com um anjo por Ele criado?

Só haveria um modo disso ocorrer: o Ser Supremo precisaria diminuir e o anjo decaído precisaria se elevar. É por isso que Deus reservou um papel inédito para Si e para Lúcifer nessa epopeia terrestre. 

Para o anjo decaído foi ofertada uma isca, qual seja, um ingênuo e inocente ser criado a imagem e semelhança do Criador, a quem foi confiado o governo do único planeta com vida que gravita a estrela que antes era o domínio legítimo do anjo de luz. Para recuperar o governo sobre todas as formas de vida mantidas em seu antigo domínio, Lúcifer só precisava levar o homem a desobediência, pois desobedecer ao Criador acarreta a morte imediata do espírito daquele que foi desobediente e a perda do mandato espiritual de governo sobre a criação. 

Preso em seu calabouço terreno, as regiões inferiores da Terra, Lúcifer não podia mais do que canalizar um animal rastejante, uma alma vivente finita, pois desprovida de espírito. 

Tendo dado voz a esta serpente, Lúcifer enganou a companheira do primeiro homem provido de espírito, portanto, feito por Deus a sua imagem e semelhança. Sobre a influência daquela que foi enganada, Adão se fez rebelde contra a proibição do Terceiro Céu, pecou, morreu, perdeu seu governo, foi expulso do lugar de comunhão com o Criador e enviado pra viver do cultivo da terra de onde havia sido tomado.

O Altíssimo amaldiçoou a serpente que fora usada como canal para Lúcifer e através dela profetizou uma batalha entre o descendente de Eva e o descendente da serpente, qual seja, o dragão narrado no capítulo 12 de Apocalipse. 

Desde então Lúcifer oprime os homens, geração após geração, aguardando a sua almejada batalha, que se fosse vencida lhe proporcionaria ao menos recobrar o governo sobre o único planeta habitado de seu domínio estelar, aqui permanecendo sem castigo por sua rebeldia cometida em nível universal. 

Por outro lado, o Criador reservou para si um papel inesperado e que só poderia mesmo decorrer da sabedoria perfeita do Altíssimo. Deus se esvaziou de sua glória, tomou forma terrena, viveu como homem e foi tentado como Adão, mas com algumas significativas diferenças, pois Jesus se encontrava faminto num deserto e não em um paraíso rodeado de frutos, ademais, Jesus foi tentado por Lúcifer em seu esplendor terreno e não por ele enquanto simples serpente. Diferentemente de Adão, que desconhecia o bem e o mal, Jesus era rabi, instruído no bem é no mal que decorrem da Lei e andava cheio do Espírito Santo.

Além de se esvaziar, tomar forma terrena, viver como homem e ser tentado, Jesus viveu sem descumprir um único preceito ou princípio que era próprio de sua Divindade, mas que, em razão de Ele ter se esvaziado, lhe era possível violar como homem. 

Eterno como Espírito e dotado de um corpo introduzido e gerado em Maria sem a corruptibilidade do pecado do primeiro Adão, Jesus poderia viver eternamente mas aceitou calado a condenação injusta baseado em sua própria Lei e, por conseguinte, aceitou igualmente calado a aplicação da pena capital por parte da autoridade luciferiana exercida no governo humano. 

Tendo deixado seu corpo morto envolto em panos no interior de uma gruta, a alma de Jesus, animando o seu corpo espiritual, seguiu para as mais baixas regiões do inferno, pois é para lá, onde antes Lúcifer estava preso, que este costumava levar os humanos feitos a imagem e semelhança do Criador para sofrerem a condenação da desobediência ao Eterno. 

Lá chegando, Jesus exibe aos demônios a aparência de um cordeiro que foi morto, ou seja, de uma alma vivente inocente - por ser inimputável - mas morta em substituição. Todavia, diferente de todos os outros sacrifícios animais, desprovidos de um espírito, e diferente de todos os outros humanos, dotados de um espírito morto, Jesus irradia o próprio Espírito da Vida, que a morte não pode reter no inferno. 

Incapaz de ser mantido no lugar da condenação, mas com uma condenação imerecida já quitada, Jesus é livre para deixar o inferno, mas o faz somente depois de pregar aos espíritos lá aprisionados, esmagando a morte e levando consigo as chaves do inferno rumo a superfície da Terra. 

Cristo tem como crédito uma morte indevida e deixa pago no inferno, com este crédito, a pena de morte de tantos quantos tenham aceitado ou vierem a aceitar o seu governo no espírito, ato este que redunda em novo nascimento no espírito, ressurreto pelo Espírito da Vida. 

Voltando à superfície pelo monturo, Jesus visita a sepultura de seu corpo biológico e lá o glorifica (transforma na essência), alterando até mesmo a aparência de sua face, que deixa de ser aquela em quem não havia beleza ou formosura. 

Por 40 dias Jesus visita pessoas e lugares com quem esteve em seu ministério terreno, depois comissiona seus discípulos, promete retornar e parte para o Terceiro Céu com todos os despojos da batalha aqui travada, levando consigo as chaves do inferno rumo a sala do trono, para lá se assentar no lugar que o anjo rebelde julgou ser seu por direito. 

Maranata!