segunda-feira, julho 31, 2023

SER USADO OU SE FAZER USADO?

YHWH age por meio de sua Palavra, até porque a Palavra encarnada é o Verbo de Deus, ou seja, é "Deus agindo", pois em Jesus "habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Cl 2:9). 

Por isso, se alguém proclama a Palavra com fé, essa Palavra é operante, mesmo se esse alguém não servir a Deus com todo o seu ser. 

Jesus disse: "Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo." (Jo 12:26), ou seja, os servos do SENHOR devem segui-lo e devem estar onde Ele está, lugar esse que necessariamente é um lugar de santidade. 

Muitos desobedecem esse mandamento, ou seja, insistem em servir a Deus sem segui-lo, o que só é possível porque tais pessoas aplicam com fé a Palavra de Deus e usam a Palavra como espada de um só gume, que só corta para fora, mas nunca para dentro. 

Essas pessoas não são usadas por Deus, mas, antes, se fazem usar por Deus e esse agir é fundado numa iniciativa humana e não divina. Ademais, é comum que tais pessoas usem a Deus em vez de serem usadas por Ele. 

Ainda que tais pessoas falem em nome de Deus na terra e ainda que as Palavras de Deus por elas proferidas sejam operantes para profetizar, exorcisar e operar milagres, o SENHOR não as conhece e busca se afastar delas, pois elas, em vez de seguir a Jesus na prática da justiça, praticam a iniquidade (Mt 7:22-23).

Eis a razão pela qual algumas pessoas - como o Apóstolo Paulo - sentirão o constantemente desconforto pelo mal que fazem e pelo bem que não fazem. Sem esse desconforto elas se acomodariam na prática da iniquidade, de modo que o dom nelas depositado continuaria inerte, sem ser usado por Deus. 

O inconformismo consigo mesmo leva o homem a deixar a iniquidade e a buscar a justiça, passando a seguir ao SENHOR e, consequentemente, ser usado por Ele. 

Portanto, a Palavra viva e operante de Deus está na boca de dois tipos de homens: aqueles que praticam a justiça, que andam com Deus e a quem Deus conhece e, por outro lado, aqueles que praticam a iniquidade, de quem Deus se aparta e a quem Deus não conhece.

E nós, interessados em ouvir a Palavra de Deus proferida pelos homens, como podemos identificar um profeta verdadeiro e um falso?

Jesus nos ensina que conheceremos uma árvore pelos seus frutos (Mt 7:16). É um exercício cognitivo que vai para além da aparência. O fruto precisa ser olhado, colhido, provado e digerido, para então se dizer conhecido por quem dele provou. 

E não imaginemos que encontraremos todos os falsos profetas numa extremidade e os verdadeiros na outra, ou que os verdadeiros profetas estarão prosperando e os falsos profetas em ruína, porque ambos vão crescer juntos até a ceifa, como o joio e o trigo (Mt 13:30). 

Por fim, quem quer ser usado por Deus deve segui-lo e nesse caminho há uma cruz para mortificar a carne. Se você não vir a cruz naquele que diz estar sendo usado por Deus, é provável que ali só haja alguém se fazendo usar por si mesmo, como um bronze que soa ou um címbalo que retine. 







sábado, julho 22, 2023

ESFORCEMO-NOS

Você não vale nada. Nem eu. É quem está em nós que vale mais que tudo o que foi criado. 

Se o pecador valesse alguma coisa não estaria de antemão condenado à perdição eterna, descartado em cacos na montanha de refugos do Oleiro. O SENHOR deu uma vida humana à sua Palavra e se agradou grandemente dessa Vida, entregando-a por uma montanha de refugo. 

Há quem pense que Jesus não morreu por ele, mas pela humanidade e que a quantidade de remidos justificaria o sacrifício. 

Não é assim. O pecador não vale nada, seu valor é igual a zero e o que se multiplica por zero, é zero. 

Não importa à quantos bilhões de indivíduos a salvação foi ofertada, se a soma desses indivíduos não tem valor algum. Nós, que não valíamos coisa alguma, fomos comprados pelo Rei da Criação e o preço não foi algo perecível como prata ou ouro (sim, perecem frente à eternidade), mas o seu precioso Sangue, no qual estava a Vida do próprio Deus. 

Há quem pague pelo lixo reciclado, mas é loucura pagar por aquilo que já nasceu como lixo, sem préstimo algum. Essa loucura tem um nome:  Amor Incondicional. 

De nada adiantaria Jesus ter comprado a "humanidade" se você e eu, individualmente, não estivéssemos aí incluídos, ademais, com um novo nome que nos foi dado antes da fundação do mundo. 

Embora a salvação estivesse reservada para a "humanidade", a perdição da maioria dessa "humanidade" é igualmente predita. É tão verdadeira a remissão da minoria quanto é verdadeira a perdição da maioria. Estar entre os salvos, com uma senha pessoal e intransferível, com o seu nome escrito nela, é um privilégio indescritível que jamais poderia ser merecido. 

Quem passou da metade da caminhada já vê ao longe a porta estreita. Esforcemo-nos por passar por ela. Não é o esforço que conta, mas as cordas de amor daquele que nos atrai porta adentro, porém, sem nos esforçarmos contra a nossa carne ela certamente escolheria outro caminho e outra porta. O esforço, portanto, não é pra merecer a salvação, mas pra não escolher a perdição. 

Esforcemo-nos. 

terça-feira, julho 11, 2023

O QUE É "EM O NOME" DE JESUS?

O que significa completar uma ação ou proclamação dizendo "em O nome de Jesus"? 

Ao ingressar na família da fé ouvimos tantas vezes essa expressão que acabamos incorporando o hábito, mas na maioria das vezes sem uma compreensão mais profunda do que significa estar, agir ou falar "em O Nome de Jesus". 

Essa expressão ocorre primordialmente no livro de Atos.

Duas vezes é ordenado que os que crêem sejam batizados "em O nome de Jesus" (At 2:38 e 10:48). 

Ao coxo de nascença é determinado que se levante "em O nome de Jesus" (At 3:6) e outras duas vezes Pedro atribui o milagre ao "em nome O de Jesus" (At 3:16 e 4:10). 

Duas vezes as autoridades religiosas judaicas advertiram os discípulos que não falassem ou ensinassem em nome de Jesus" (At 4:18 e 5:40) e Paulo admitira que antes de se converter lhe "parecia que muitas coisas devia praticar contra o nome de Jesus" (At 26:9). 

Uma vez é dito que Filipe "evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo" (At 8:12) e uma vez um espírito imundo foi expulso "em O nome de Jesus" (At 16:18).

Dizem alguns que agir ou falar "em O nome de Jesus" é como o exercício de um mandato fundado numa procuração. Naquela época o mandato era (e ainda é) um contrato no qual o mandante encarregava alguém (o mandatário) de cumprir voluntária e gratuitamente uma atividade em seu favor ou de terceiro.

Realmente o agir ou falar "em O nome de Jesus" se parece com um mandato, especialmente quando lembramos que Jesus nos deu "autoridade para pisar serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo", sem que nada, absolutamente, nos causasse dano (Lc 10:19), porém, ao pensarmos um pouco mais sobre o tema, vemos que é mais que isso e até diferente disso nalguma medida. 

No contrato de mandato o mandante comissiona o mandatário em geral porque não pode estar no local onde sua vontade deve ser realizada ou porque não tem algum conhecimento ou prerrogativa para realizar aquela vontade, como no mandato advocatício. 

Mas não é assim quando agimos ou falamos "em O nome de Jesus", pois Ele está presente onde sua vontade é feita, bem como em qualquer outro lugar, e, ainda, Ele pode tudo o que o mandatário  pôde e ainda tem todo o poder no céu e a terra, tendo vencido inclusive a morte. 

Porém, não é essa a principal diferença, mas sim o fato de que no mandato o mandante é um e o mandatário é outro, enquanto que quando agimos ou falamos "em O nome de Jesus" nós somos um com Ele. 

Por isso, agir "em o nome" é ainda mais poderoso do que agir "em nome". Mandatários agem "em nome" dos mandantes, mas quando somos um com Cristo nos agimos "em O nome", ou seja, "no nome", o que significa investidos desse nome como se esse fosse uma "firma" ou um nome coletivo que muitos podem usar ao mesmo tempo, que nos obriga a todos e nos co-responsabiliza pelo uso desse nome. 

Mandatos requerem uma procuração assinada pelo mandante, já para agir em nome de Jesus basta a mera atuação, ainda que o mandante sequer conheça o mandatário, como Jesus dirá a alguns que profetizarem e expulsarem demônios em seu nome (Mt 7:22). Porém, pra falar e agir "em O nome de Jesus" é preciso ser um com Ele, o que só ocorre se nascermos de novo e para sempre de seu Espírito. 

Qualquer um pode agir "em nome" de Jesus, mas somente Jesus pode nos encarregar de agir "em O nome", ou "no" seu nome. 

Em razão da carne do pecado, não é incomum que aqueles que se fizeram um com o SENHOR e que podem de fato agir "no nome" dEle, acabem agindo somente "em nome" Jesus. 

Isso ocorre quando alguém age na presunção de que Jesus está agindo por ele, mas na verdade é ele que está usando o nome do Jesus para agir em nome próprio. 

Apenas quando negamos a nós mesmos desfrutamos de uma sensibilidade indispensável para discernir o que Jesus quer seja feito, quando ele quer que seja feito. Do contrário, corremos o risco de supor o que Jesus quer e acabamos usando o nome dele em vez de ser usados por Ele. 

Agir "em O nome de Jesus" é atuar incorporado ao Corpo que na terra manifesta a presença de Jesus, e eu tremo quando penso nisso. É agir dEle, por Ele e para Ele. 

terça-feira, julho 04, 2023

SANTIDADE HUMANA

Santidade é o resultado da potência e predominância da Vida do Espírito naquele que é nascido de novo. 

Não há quem não peque (1 Rs 8:46 e Ec 7:20), porém, há pecados do crente que não trazem acusação ao seu coração (1 Jo 3:20), seja porque tais pecados são ocultos àquele que os comete (Sl 19:12-13), seja porque já tem a consciência cauterizada (1 Tm 4:2) e é incapaz de se arrepender (Hb 6:6). 

O mal que fazemos nos acusa muito mais do que o bem que não fazemos (Rm 7:19) e, dentre aqueles, há pecados que acionam o mecanismo da culpa e os que não. 

Os pecados que não geram culpa normalmente são aqueles que praticamos à luz do dia, diante de todos e na certeza (equivocada) de que estamos certos. 

Exemplo disso é o apóstolo Pedro, que diante dos demais apóstolos repreendeu Jesus pra não ir à cruz achando que estava fazendo uma coisa boa (Mt 16:23) e, por outro lado, foi corroído pela culpa ao negar Jesus diante de ímpios e desconhecidos (Mt 26:74). O primeiro pecado foi praticado sem discernimento e, portanto, sem culpa. Já o segundo pecado foi praticado com uma culpa persistente. 

Entende errado quem acha que merece maior condenação o pecado que carrega consigo uma culpa angustiante. Assim como ocorreu com Pedro, o nosso Advogado (1 Jo 2:1 e MC 16:7) pode vir em nosso socorro com a nossa propiciação, pois a culpa demonstra que concordamos com a lei, que é boa (Rm 7:16), porém, aquele que peca sem culpa e sem discernir os próprios erros pode chegar no último dia com uma lista de realizações e ainda assim ouvir do SENHOR: "nunca vos conheci, apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade" (Mt 7:23).  

A única santidade humana isenta de pecado foi a de Jesus. Quanto aos demais irmãos, a santidade estará presente não pela ausência de pecado, mas pelo caminho trilhado em constante arrependimento por todos os pecados, inclusive os omissivos e aqueles que não são identificados ou compreendidos, mas são aceitos como pecados e levados aos pés da cruz. 

Por isso, aqueles que discernem os próprios erros, que andem agarrados à graça superabundante (I Co 9:14, Rm 5:20) pedindo perdão por todo pecado, ainda que pela septuagésima vez no mesmo dia (Mt 18:22). 

Já os que andam alheios à culpa - não porque não pequem, mas porque não discernem os próprios erros - que lhe suceda como a Paulo, que alcançou misericórdia e passou a ver depois que as escamas lhes caíram dos olhos (At 9:18), nem que pra isso tenha que cair do cavalo.