sexta-feira, novembro 11, 2005

LIBERTOS DO EGITO E DA ASSÍRIA

O livro do profeta Oséias tem uma passagem que revela um importante princípio da Palavra de Deus. Está em Os 11:5: Não voltarão para a terra do Egito, mas o assírio será seu rei, porque recusam converter-se.

Nesta passagem, o profeta Oséias profetiza uma dura mensagem ao Reino do Norte, Israel – também chamado de Efraim – desde o capítulo 4. No capítulo 11, antes de o SENHOR anunciar a restauração do seu povo, Ele diz, por seu profeta, que atraiu o povo com “cordas humanas” e “laços de amor”. Isto, de certa forma, nos faz lembrar o Apóstolo Paulo quando diz, em Ef 3:1, que é prisioneiro de Cristo por amor aos gentios.

Nós, que somos propriedade de Cristo, vivemos a vida Dele conquistada na ressurreição, por isso, não damos lugar à carne e à vida da alma, de forma que esta última é prisioneira em nós. A vida da alma, não podendo manifestar-se em nós por causa mortificação – que é, sendo vivo, assumir o caráter do que está morto – permanece latente em nós e prisioneira até o dia de nossa redenção, quando iremos ascender ao céu como o nosso Senhor ascendeu.

Voltando ao texto de Os 11:5, é preciso contextualizá-lo para compreender o princípio ali estabelecido. Para tanto, devemos consultar I Rs 17, que conta a cerca de outro Oséias, este Rei de Israel que reinou em Samaria entre 732 e 722 a.C. No reinado de Oséias Israel passou a serva da nação Assíria e o próprio rei foi feito prisioneiro. A partir do versículo 7 do capítulo 17 é relatado o porquê de Efraim sucumbir diante de seus inimigos. O motivo foi o pecado. Dentre os pecados praticados pelo povo de Israel, estavam, inclusive, o sacrifício de seus filhos à Baal, dentro de um contexto de profunda idolatria.

A segunda parte do versículo revela que o povo não queria se converter, ou seja, que recusava guinar seu procedimento, passando a andar nos caminhos do seu Deus. A resistência do povo em converter-se é a causa, então, de o rei assírio passar a governar o israelitas. A Assíria vivia um momento de império, ou seja, tudo o que o mundo decaído representou no império babilônico e que no futuro representaria nos impérios medo-persa e romano, estavam sob o reinado assírio.

O “mundo”, que o diabo prometeu dar a Jesus em troca de adoração (Mc 4:8) e que já está julgado, conforme Jesus afirmou (Jo 12:31), estava representado pelo Império Assírio. O Egito, por sua vez, representava o domínio do pecado para o povo de Israel. A diferença está no fato de que no Egito o povo não havia sido resgatado da maldição e não havia sacrifício pelos pecados, que só foi instituído no ministério de Moisés e Aarão.

Construindo um paralelo com os dias de hoje, vemos que o povo de Israel no tempo do Oséias é a Igreja de hoje que se recusa a lavar suas vestes no sangue no Cordeiro, que anda obstinada sacrificando a ídolos como o ego, o materialismo e a religião.

O SENHOR disse que eles não voltariam ao Egito, mas seriam governados pela Assíria. Israel, muito embora estivesse em pecado, tinha obtido uma identidade nacional. Eles tinham uma terra, um povo, um governo e eram chamados pelo Nome do Senhor. Isto Deus não tiraria deles, no entanto, lhes colocaria sob tributo da Assíria, tendo tais coisas, mas não podendo desfrutar delas. Os povos tributados daquele tempo tinham um governo relativo, pois o governante da nação que os tributava mandava nos destinos do povo tributado. Na verdade, para uma nação que perdia a guerra, viver tributada era a opção para não ser totalmente dizimada e também uma forma da nação dominante impor um jugo sobre seus vencidos.

Tudo o que o mundo representava, e que hoje igualmente representa: domínio político, econômico, cultural e religioso, eram exercidos pela Assíria em relação aos seus conquistados. O povo de Israel, por ter se negado a se converter, ficou debaixo de uma dominação do mundo, servindo à este. Isto não significava perder sua condição de povo – voltando ao Egito – mas significava não gozar das promessas de Deus, mesmo que fossem chamados Seu povo.

Nos dias de hoje não é diferente, pois aqueles crentes que se recusam a converter seus caminhos, passando de um cristianismo nominal para um relacionamento íntimo e santo com Deus, não voltam ao Egito assumindo velhas práticas e continuam reconhecidos como cristãos, no entanto, passam ao governo do “mundo”, vivendo nos padrões políticos, econômicos, culturais e religiosos de hoje, privados das promessas para as quais foram conquistados pelo sangue de Jesus.

Quem resiste ao chamado de Deus para uma vida consagrada, acaba servo deste mundo, ainda que não volte exatamente aos padrões do Velho Egito. Fomos chamados para constituirmos um povo separado para o SENHOR, portanto, devemos nos render totalmente e atender ao clamor do Espírito por santidade total em nossas vidas. Isto não só confirmará nossa vitória sobre o Egito, como nos livrará da Assíria, ou seja, não só nos livrará do mundo como ele era para nós antes de nossa decisão por Cristo, como nos livrará do mundo com ele é hoje, com seus apelos e sua concupiscência que tanto tem desviado nossos irmãos.

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