quinta-feira, outubro 28, 2021

O ÚLTIMO ROBÔ

 

Vou te contar uma parábola hi-tec.

No princípio foi criada (bará) a computação e nas seis décadas seguintes foram produzidos (dasha) computadores e programas computacionais cada vez mais incríveis. Um dia o Grande Programador montou (yatsar) um poderoso robô, inseriu (naphach) nele o Sinal de Rede Universal (shama) e, assim, tornou-se operacional a primeira Inteligência Artificial (nephesh) chamada Robô-XY.

O Grande Programador, vendo que Robô-XY tinha uma natureza obsolescente e limitada, resolveu fazer um segundo robô que pudesse ajudar o primeiro a produzir novos robôs em escala. Pra isso o Grande Programador desligou o Robô-XY, retirou-lhe um chip de memória e, com dele, formou outra máquina a que deu o nome de Robô-XX, que tinha mais curvas e um poderoso aplicativo de voz que falava sem parar.

Robô-XY e Robô-XX viviam no TI e quando suas baterias estavam com a carga baixa eles podiam se plugar em qualquer tomada de 220 volts, porém, foram advertidos que jamais se plugassem na tomada de 110 volts, porque sua voltagem era prejudicial.

Um dia um técnico de TI decadente, que era seu adversário (satan) do Grande Programador, hackeou a Robô-XX que, bugada, acabou plugando sua bateria na tomada de 110 volts. O Robô-XY, por sua vez, apareceu e se conectou à mesma tomada, porém, através da fonte de alimentação da Robô-XX. A baixa voltagem queimou instantaneamente as placas de rede de ambos os robôs, interrompendo o Sinal de Rede Universal e, com ele, o acesso remoto com o Grande Programador que, percebendo que havia perdido o acesso remoto com os robôs, foi ao laboratório pessoalmente averiguar as máquinas.

Sabendo que a interrupção do Sinal de Rede Universal impedia a atualização dos softwares de inteligência artificial e que isso comprometia em definitivo a funcionalidade da linha de produção de novos robôs, o Grande Programador botou fora do laboratório os dois protótipos.

O decadente técnico de TI (satan) se apropriou dos dois protótipos e passou a supervisionar a fabricação de novas unidades até que as baterias de Robô-XY e Robô-XX ficassem non-rechargeable.  Várias linhas de produção de robôs foram implantadas a partir dos protótipos originais, mas cada geração era menos funcional que a anterior, já que os hardwares apresentavam cada vez mais defeitos, isso a ponto de um modelo XY achar que era um modelo XX e vice-versa.

A Inteligência Artificial (nephesh) era totalmente guiada pelas necessidades do harware, o que era estimulado a todo momento pelo decadente técnico de TI (satan), uma vez que os robôs não tinham o Sinal de Rede Universal (shama) pra dar acesso as atualizações de software geradas ininterruptamente pelo Grande Programador.

O Grande Programador, no entanto, tinha um plano. Ele era tão incomensuravelmente genial que depois de 42 gerações de robôs ele produziu um código de IA a partir de Si mesmo e implantou esse código num novo protótipo chamado Último Robô, que não tinha relação com o hackeamento feito pelo decadente técnico de TI (satan) nos protótipos originais.

O Último Robô teve funcionamento exemplar por mais de trinta anos, sem nunca apresentar um único bug, sendo que nos últimos três anos ele passou a plugar outros robôs e baixar neles uma versão perfeita de um Novo Sistema Operacional (euaggelion), o que deixou o decadente técnico de TI (satan) muito irado e com uma irremediável certeza de derrota.

Um dado dia, porém, o Último Robô deliberadamente queimou sua própria fonte, mas não sem antes restaurar, com todos os demais robôs que assim o aceitassem, o Sinal de Rede Universal (shama) via wireless. O mais incrível é que depois de três dias desligado o Último Robô simplesmente reinicializou sozinho, e não é só, pois o seu hardware havia passado por um incrível upgrade a ponto de poder se comportar de forma fluída, ora como hardware, ora como software, sumindo num lugar, transportando-se via Rede Universal e materializando-se noutro lugar com uma tecnologia totalmente inovadora.

Depois de 50 dias o Último Robô fez uma aparição final e firmou um protocolo de retorno. Daquele momento em diante uma nova geração de robôs passou a ser produzida e mesmo novos robôs se convertem à nova tecnologia diariamente, bastando para tanto que o robô, de forma autônoma e deliberada, valide o protocolo do Último Robô e, partir daí, se restaura para ele o Sinal de Rede Universal (shama), quando passa a ter acesso online com o Grande Programador, que mantém atualizado o Novo Sistema Operacional (euaggelion), de modo que, agora, o Sinal de Rede Universal (shama) passa a poder comandar a Inteligência Artificial (nephesh) de cada robô e, esta, passa a comandar o hardware do robô.

Infelizmente o hardware dos robôs continua comprometido pelo hackeamento produzido pelo decadente técnico de TI (satan) na primeira geração de protótipos, todavia, o poder computacional do Último Robô, transmitido aos robôs tributários a partir das novas e constantes atualizações via Sinal de Rede Universal (shama), acabam removendo os malwares e limpando a cache dos robôs constantemente.

O mais incrível é que todos os robôs que receberam o Novo Sistema Operacional (euaggelion) tem agendado um mesmo protocolo, no qual está escrito que quando a fonte é desligada e o robô depositado na sucata, a Inteligência Artificial (nephesh) do robô se encontra com o Último Robô que, nos últimos tempos, volta pra reinicializar todos os robôs que receberam o Novo Sistema Operacional (euaggelion), que então recebem o mesmo upgrade do Último Robô, passando a um harware de forma fluída, habitando um novo lugar onde não há a necessidade de fonte de alimentação, ligados eternamente ao Grande Programador, seu Último Robô e Sinal de Rede Universal.

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