quinta-feira, novembro 09, 2023

HAVIA TRÊS ÁRVORES NO JARDIM

YHWH não negou a Adão e Eva o conhecimento do bem e do mal, apenas proibiu que eles se alimentassem desse conhecimento.

O jardim do Éden tinha três tipos de árvore: 

1) a Árvore da Vida, que estava no meio do jardim, em local privilegiado e cujo fruto deveria ser comido livremente pelo homem (Gn 2:16);

2) a árvore do conhecimento do bem e do mal, em local não definido e cujo fruto o homem não deveria comer, sob pena de morrer naquele "dia";

3) as muitas árvores agradáveis à vista e boas para alimento (Gn 2:9), que certamente estavam distribuídas pelo jardim e das quais o homem deveria comer livremente. 

Adão passou a ser alma vivente quando Deus soprou o fôlego da vida num corpo de terra. O que vemos aí é um elemento, somado ao um segundo elemento, transformando-se num terceiro. O Livro da Criação (Rm 1:20) nos descreve isso como "química", a transformação da matéria. Uma das reações químicas mais básicas é aquela pela qual se forma a água, onde dois átomos de hidrogênio se combinam a um átomo de oxigênio. 

Observem se não é mais ou menos isso que Gênesis nos descreve, pois YHWH pega o barro, sopra sobre ele o seu fôlego de vida e disso advém uma alma vivente humana. E o mais interessante é que assim como na eletrólise da água é possível separar o hidrogênio do oxigênio, a Palavra de Deus, que é viva e eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, penetra até ao ponto de dividir a alma do espírito (Hb 4:12).

Quando olhamos para a água não vemos oxigênio ou hidrogênio, que são gases, mas apenas o corpo formado pela junção desses dois elementos. Do mesmo modo, quando olhamos para o ser humano não vemos o barro e o fôlego de vida, mas apenas o conjunto formado por esses dois elementos. 

Embora à primeira vista não possamos distinguir os reagentes humanos (terra e espírito) do seu produto (alma), sabemos que são três elementos que devem ser considerados tanto em conjunto como individualmente. Tanto é  assim que o mesmo Deus da paz nos santifica em tudo, no espírito, alma e corpo (1 Ts 5:23). 

Voltando às árvores plantadas por Deus no Éden, vemos que são três tipos, o que provavelmente correlaciona um tipo de fruto para cada elemento humano. 

Para o corpo temos o fruto das muitas árvores agradáveis à vista e boas para alimento. Para o espírito temos a Árvore da Vida e para a alma o fruto do conhecimento do bem e do mal.

Então, se o conhecimento do bem e do mal é justamente para a alma, por que o homem não podia se alimentar do fruto dessa árvore? 

Observe que Deus disse que o homem deveria se alimentar livremente de todas as árvores e aí ele inclui a Árvore da Vida. Pressupõe-se, então, que nalgum momento o homem comeria do fruto da Árvore da Vida e aí ocorreria com ele o que está descrito em Genesis 3:22‬, ou seja, passaria a viver eternamente. Uma vez eterno, o homem jamais poderia morrer e só então ele poderia passar a ser conhecedor do bem e do mal. É preciso a incorruptibilidade da vida eterna para enfrentar o mal, por isso, a proibição não era propriamente para que o homem permanecesse na ignorância, mas para que não obtivesse o conhecimento do bem e do mal ANTES de ter buscado vida eterna. 

YHWH diz que ao comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal o homem se tornou "como um de nós", ou seja, ele se tornou como as Pessoas da Trindade no tocante ao conhecimento, passando a ser "conhecedor do bem e do mal". Se Deus é conhecedor do bem e do mal então esta não é uma condição ruim em si mesma, pois Deus é santo e certamente o fato de conhecer o bem e o mal não compromete essa santidade. Isso nos mostra que o perigo não era conhecer o bem e o mal, mas sim conhecê-lo sem antes estar dotado de Vida Eterna. 

Dito de outro modo, o fruto do conhecimento do bem e do mal poderia ser um veneno, sendo que o fruto da Árvore da Vida seria o seu antídoto.

Para reforçar esta ideia, observe que o texto bíblico inclui a palavra "dia" quando fala do resultado da desobediência. A escritura diz que a morte decorrente da ingestão do fruto do conhecimento do bem e do mal viria no "dia" em que esse fruto fosse comido. 

Ora, a palavra dia pressupõe o espaço-tempo dimensionado, conceito este que se opõe a eternidade, onde as dimensões do espaço-tempo não se opõe ao agir de Deus, pois YHWH mede os céus com a palma da mão, sendo que um dia lhe é como mil anos e mil anos, como um dia. 

O que se demonstra aí é que o homem, sendo a semelhança do Criador, não foi criado para ficar circunscrito a uma unidade infinitesimal do universo, como ocorre hoje conosco, mas foi criado para a eternidade, para interagir com a criação onde quer que seja, sem limitação de espaço-tempo. Para tanto, o homem deveria escolher comer do fruto da vida eterna; caso em que, sendo eterno como é YHWH, ele saberia todas as coisas, tendo a mente de Cristo e conhecendo perfeitamente o bem e o mal. Porém, em vez disso, o homem optou por esse conhecimento sem antes viver eternamente. O momento em que o homem morre no espírito é aquele em que a sua desobediência à Deus se inicia, não podendo ela superar o tempo de 129 anos (Gn 6:3).

Precisamos considerar que quando Deus cria um ser inferior aos anjos à sua imagem e semelhança, os anjos já haviam se dividido, e um terço deles já estava condenado à perdição eterna, aprisionados neste mesmo planeta onde Deus planta o homem. Por isso Deus, quando cria o homem na ignorância, sem conhecimento do bem e do mal, coloca diante do homem a opção de obedecer e viver eternamente - passando a ser como Ele, conhecedor do bem e do mal - ou desobedecer, passando a um saber desprovido de moral, ou seja, bem e mal sem antes exercitar certo e errado. 

A mensagem que fica é que o bem é pautado no que é certo e o mal no que é errado, todavia, o certo será aquilo que Deus assim considere, e errado aquilo que Deus disser que é errado, de modo que só podemos chegar ao conhecimento tanto do bem, como do mal, pela obediência a Deus e, ainda, só podemos lhe obedecer se tivermos íntima comunhão com Ele, o que requer que comamos de sua carne e bebamos do seu sangue, um símbolo neotestamentário que, no velho testamento, tem o seu correspondente no ato de se alimentar da Árvore da Vida. 

Fomos feitos à imagem e semelhança do Criador e só na íntima comunhão com Ele poderemos obedecê-lo. Adão desobedeceu ao comer do fruto do conhecimento do bem e do mal, porém, já havia desobedecido antes, quando deixou de comer da Árvore da Vida e também quando deixou de lavrar o jardim, retirando dele a árvore cujo fruto não podia ser comido. 

Temos dentro de nós, hoje, um jardim regado pelas águas do Espírito, o qual devemos lavrar diariamente retirando dele todos os cardos espinhos e nos esforçando para arrancar, até pela raiz, a árvore do conhecimento do bem e do mal, tudo isso sem nos esquecer de nos sentarmos à sombra da grande Árvore da Vida, buscando cura com as suas folhas e nos alimentando de seu fruto. 
  


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