segunda-feira, novembro 15, 2010

O PESO QUE COMPROMETE A CARREIRA

O autor de Hebreus, após listar inúmeros exemplos de fé no capítulo 11, inicia o capítulo 12 com a seguinte convocação:

Hb 12:1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,

Ele compara a vida vivida com fé em Cristo a uma corrida que o atleta faz e diz que este “atleta de Cristo” irá correr rodeado de uma nuvem de testemunhas, que são os que guardaram a fé antes de nós.

A Palavra aconselha que este corredor se abstenha de duas coisas que o impedem de correr a carreira que lhe foi proposta: o peso e o pecado que tenazmente o assedia.

Livrar-se do pecado é lutar contra a cobiça que habita o interior do velho homem e que serve de tentação ao mesmo, buscando conceber o pecado (Tg1:14-15). É evidente que o pecado impede a carreira de fé e não é este o foco deste estudo.

O principal aqui é o peso que embaraça o atleta e que não foi mencionado na Palavra como pecado. O pecado não confessado impede absolutamente a carreira do atleta, todavia, o peso não o impede de correr, mas o embaraça, ou, noutra tradução, o atrapalha.

Sendo constantemente atrapalhado por tais “pesos”, o atleta acaba por fatigar-se, desmaiando em sua alma, como é mencionado no versículo 3 do mesmo capítulo 12 de Hebreus:

Hb 12:3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.

A versão na linguagem de hoje substitui fatigar e desmaiar por desanimar e desistir da carreira de fé.

E quais são os “pesos” que, não sendo pecados, ainda assim atrapalham a carreira do atleta de Cristo?

São as coisas lícitas que não convém, de que Paulo fala aos crentes de Corinto no capítulo 6, versículo 12 e no capítulo 10, versículo 23, na primeira carta:

I Co 6:12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.

I Co 10:23 Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.

Os dois textos acima dizem que “todas as coisas são lícitas” aos coríntios, ou seja, aos judeus convertidos a Cristo não se aplicavam mais as ilicitudes no campo dos costumes que se impunham aos que viviam pela Lei, todavia, não é porque tais coisas lhes eram agora lícitas que deveriam ser praticadas, antes era preciso observar se tais atitudes não acabariam por escravizar o crente e se elas conduziam à edificação ou ao contrário, à desmaterialização de um espírito reto.

Nós, os crentes que fomos tomados dentre os gentios, nunca fomos sujeitos à Lei de Moisés no campo dos costumes, mas também nós temos de nos abster das coisas lícitas que não edificam em nós um espírito reto e tem potencial para nos escravizar, impedindo nossa carreira de fé.

É difícil fazer uma lista de “pesos”, pois estes tem caráter subjetivo. Para uns o trabalho em excesso pode representar um peso à carreira de fé; para outro é residir num determinado local; para outro o peso é um relacionamento pessoal que não contribui com esta jornada; para outro pode ser um hobby ou mesmo um costume cultural.

A falta de governo do Espírito quanto ao que comemos, bebemos, nos entretemos também pode significar um peso, pois ainda que o crente se abstenha dos excessos pecaminosos, a constância nestes hábitos impede a carreira de fé, na medida em que o tempo e o vigor do crente são tomados de sua carreira de fé e utilizados naquilo que não vai edificar nele um espírito reto, antes servindo apenas para satisfazer o que deseja a alma.

É o Espírito Santo que dirá, a cada um, em seu íntimo, na medida da comunhão que cada qual mantém, quais sãos os pesos que impedem a carreira que nos foi proposta. Devemos, portanto, consultá-Lo, para que Ele, que nos ensina todas as coisas, nos convença do que é pecado, do que é justiça (certo) e de tudo o que é peso que não irá contribuir para cruzarmos a linha de chegada nos braços do Pai.

Um comentário:

Filmes, séries e filosofia disse...

Muitos acham uma vida afastada da sociedade necessária a poder se adorar a Deus. Mas vemos que hoje é possível e mesmo necessário se estar envolto da mesma, e o evengelho deve ser tratado como uma lâmpada no alto, para que todos o vejam. Conciliar o trabalho (a pesca) com a pescaria de homens (espiritual) é uma tarefa possível.