segunda-feira, novembro 15, 2010

AUTORIDADE

1. Mundo Espiritual e Mundo Temporal

A Palavra do SENHOR diz, em Gênesis 1:1 que o PAI criou os Céus e a Terra. Em Salmos 33:9 está escrito que o PAI falou e ordenou e tudo passou a existir, como também na carta aos Colossenses 1:15-17 está escrito que JESUS é a imagem do DEUS invisível, que Nele foram criadas todas as coisas nos “Céus e na Terra” e que Nele tais coisas subsistem.

Creio nas Sagradas Escrituras e no seu caráter sobrenatural e acredito piamente que toda a existência, ou seja, toda a matéria e as forças que nela atuam no universo foram extraídas do próprio JESUS, por meio Dele se organizaram e unicamente para os Seus propósitos, e que toda a criação mantém-se estável por ordem e cuidado de JESUS CRISTO, conforme Romanos 11:36 e Colossenses 1:15-17.

Há fundamento nas Sagradas Escrituras para acreditar que “Céus e Terra” significam, respectivamente, “Mundo Espiritual e Mundo Natural”. A matéria e as forças que sobre ela atuam no mundo natural criado por DEUS podem ser percebidas pelo gênero humano nas três dimensões e graças ao tempo, mas o que consta do mundo espiritual não pode ser percebido com os cinco sentidos de que é dotado o homem. Para discernir as coisas espirituais é preciso um espírito vivificado e treinado pelo ESPÍRITO SANTO, pois as coisas espirituais se discernem espiritualmente (I Coríntios 2:14).

Feita esta introdução, passo à questão da autoridade.

2. Tipos de Autoridade

Há dois tipos de autoridade, aquele que é exercida sobre o mundo espiritual e outra que é exercida sobre o mundo natural.

A autoridade espiritual confere poder sobre seres espirituais, de forma que os demônios se submetem e os anjos respeitam tal autoridade (Mt 10:1, Mc 1:27, 3:14, 6:7, Lc 10:19 e 22:30). Já a autoridade temporal confere poder sobre os homens, ela é usada para vingar o mal feito pelos humanos e os que a exercem são ministros de Deus, como diz em Romanos, 13:3 e 4: “Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. (...) autoridade é ministro de Deus para teu bem. (...) é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”.

A autoridade espiritual difere da autoridade temporal, pois enquanto esta é baseada no “ser” (na posição hierárquica), aquela é baseada no “fazer” (no servir ao próximo). JESUS disse em Mc 10:42 que o que quiser conquistar a autoridade espiritual deverá servir e o que quiser conquistar maior nível de autoridade espiritual deverá servir a todos.

A autoridade de JESUS é autoridade espiritual, isto é, sobre o mundo natural e sobre o mundo que dirige este último, o mundo espiritual. Em Efésios, 1:20, é dito que DEUS ressuscitou JESUS dentre os mortos e o fez sentar à Sua direita nos lugares celestiais, vale dizer, no lugar de primazia no mundo espiritual. Na antiguidade, o lugar á direita do rei era o lugar de maior autoridade depois do trono. Ainda em Efésios, 1:21, é dito que JESUS está acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro, ou seja, que toda a autoridade sobre a humanidade lhe foi dada após Ele ter obedecido a DEUS e servido esta humanidade com Sua própria vida na cruz.

Adiante, nos versículos 22 e 23 é dito como JESUS se utilizou desta autoridade, ou seja, Ele sujeitou todas as coisas (as coisas criadas, a criação) aos Seus pés e estabelecendo o Seu Corpo, a Igreja, o somatório dos que O obedecem nesta terra, como autoridade sobre a criação, restabelecendo o que fora dado a Adão.

A autoridade de JESUS em sua passagem terrena incluía ainda o poder para dar sua vida (física) e toma-la de volta (S. João 10:18) e conceder vida eterna a todos os homens que crescem Nele (S. João 17:2).

3. A Delegação de Autoridade

A autoridade originária sobre os mundos espiritual e natural, logicamente, é Daquele que os criou (DEUS) e tal autoridade Ele a delega a quem quiser, não devendo obediência a quem quer que seja, mas apenas coerência para com sua própria vontade já manifestada nas Sagradas Escrituras. DEUS delegou esta autoridade ao primeiro homem dotado de espírito (Adão) quando sujeitou-lhe a Terra (Gênesis 1:28), mas Adão deixou passar tal autoridade ao anjo decaído Satanás quando foi desobediente à DEUS, comendo do fruto que havia sido proibido, pois a desobediência à autoridade originária sempre acarreta a perda da autoridade delegada.

Por isso Satanás disse a Jesus em Lucas 4:6 que a autoridade e a glória dos reinos (mundo) lhe havia sido dada. No entanto, a autoridade de Satanás é a autoridade delegada, enquanto que a autoridade do SENHOR JESUS é a autoridade originária sobre todo o Céu e a Terra (Mateus 28:18).

A delegação de autoridade fica clara quando JESUS diz a Pilatos, no evangelho de João, 19:11, que “nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada”. Também em Romanos, 13:11, é dito que “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”. A autoridade temporal, portanto, é divina na essência, embora seja exercida, na maioria das vezes, por pecadores não arrependidos, o que faz com que ela seja utilizada para o mal e não para o bem.

O modo como a autoridade é exercida, no entanto, não lhe retira o caráter divino e os excessos e desmandos dos homens investidos de autoridade devem ser enfrentados primeiramente com oração (I Tm 2:1-2) e também com medidas desprovidas de rebeldia, ou seja, medidas que se valham da própria autoridade temporal para corrigir os homens que utilizam mal a autoridade delegada. Deve-se recorrer sempre à autoridade superior contra o inferior que exorbita do uso da autoridade.

Nunca se deve, por causa dos excessos dos homens ímpios, amaldiçoá-los (Ex 22:28), pois assim se atinge tais homens e também a autoridade que está sobre eles, que é, como dito, divina.

Quando confiamos em Deus para restabelecer a justiça no uso da autoridade, Ele “dissolve a autoridade dos governantes e os doma”, com é dito no livro de Jó, 12:18.

4. A Condição para Receber e Exercer Autoridade

Receber autoridade depende, sempre, de fidelidade, como consta na parábola em Lucas, 19:17: “Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades”. Também em Apocalipse, 2:26, é dito que “ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações”. Outra condição para receber e exercer autoridade é ser obediente, ou seja, só recebe autoridade quem é sujeito a autoridade, como se vê em Mateus, 8:8 e 9, “Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz”.

A obediência à autoridade é obediência à Deus e o inverso é verdadeiro, ou seja, “aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus” (Rm 13:2), portanto, “é necessário estar sujeito à autoridade, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência” para com Deus (Rm 13:5).

5. O Pagamento de Tributos

No dever de sujeição à autoridade está o dever de pagar tributos. Em Romanos, 13:6 e 7, é dito textualmente que se deve pagar tributo por causa da sujeição à autoridade, logo, sonegar tributos é ser insubmisso.

Diante desta assertiva surge a pergunta: é imprescindível pagar o tributo no volume instituído pela autoridade? Logicamente que o valor fixado pela autoridade é o valor que se deve pagar e o pagamento abaixo deste é cumprimento parcial e desobediência parcial. No entanto, considerando que vivemos num sistema hierárquico de exercício de autoridade, se uma autoridade inferior (a da lei) fixa um tributo em desacordo com a autoridade superior (a da constituição) é lícito ao homem questionar o excesso de tributo perante a autoridade que tem competência para tanto (a autoridade judicial).

E se ainda assim for excessivo o peso do tributo? Bem, neste caso sobra a oração pelas autoridades (I Tm 2:1-2) e o pedido a DEUS para que esta autoridade injusta (a lei e o Estado injustos) sejam removidos por Ele, como diz em Jó, 12:18. A desobediência voluntária ao dever de pagar tributo impede a benção material.

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